quarta-feira, 27 de maio de 2009

ESPAÇO DO TERCEIRO ANO!!!!!!!!!!

Luis Fernando Verissimo é o cara!!!!!!! considerado por todos, que o aprecia, como cronista, o melhor. Não há exageros nisso. É só conferir. Em "Diga não as drogas" mais uma vez, arrasou. Vá lá e constate: http://forum.cifraclub.terra.com.br/forum/11/67440/
PARAFRASEANDO LUIS FERNANDO VERISSIMO


Resista as Drogas

Tudo começou quando eu tinha uns 14 anos e um amigo chegou com aquele papo de "experimenta, depois, quando você quiser, e só parar..." e eu fui na dele. Primeiro ele me ofereceu coisa leve, disse que era um “tapinha”, que não fazia mal, e me deu um inofensivo DVD do "Jeito Moleque" e em seguida um do "Sorriso Maroto". Achei legal, Fiquei “alucinado” com a parada; mas a coisa foi ficando mais pesada, o consumo cada vez mais freqüente, comecei a chamar todo mundo de "Amigo" e acabei comprando pela primeira vez.

Lembro que cheguei na loja e pedi: Me dá um CD do Exaltasamba . Era o princípio de tudo! Logo resolvi experimentar algo diferente e ele me ofereceu um CD do Evanessence. Ele dizia que era pra viajar; sabe ne, “parada” da mente...

"Charlie Brown Jr", "Link Parkn", "Capital Inicial", etc. Com o tempo, meu amigo foi oferecendo coisas piores: "Sample Plan", "Creed", e muito mais. Após o uso contínuo eu já não queria mais saber de coisas leves, eu queria algo mais pesado, mais desafiador, que me fizesse mudar a aparência, ficar irreconhecível.

Comecei a freqüentar o submundo e correr atrás das paradas. Foi a partir daí que começou a minha decadência. Fui ao show de encontro dos grupos "NX Zero" e "Fresno", e ate comprei a revista Caras que tinha o "Di Ferreira” na capa.

Quando dei por mim, já estava com o cabelo pintado de preto e uma franginha de lado, minhas unhas tinham crescido muito em função do esmalte preto, meu dedo “fura bolo” e o mindinho já não se mexiam por eu passar o tempo todo fazendo sinais de chifrinho.

Mas a fase negra ainda estava por vir.

Cheguei ao fundo do poço, no limiar da condição humana,. Minha fraqueza era tanta que estive próximo de sucumbir aos radicais e ser dominado pela droga mais poderosa do mercado: a droga limpa.

Hoje estou internado em uma clínica. Meus verdadeiros amigos fizeram a única coisa que poderiam ter feito por mim. Meu tratamento está sendo muito duro: procure evitar doses cavalares de “Xuxa só para baixinhos”, “Bananas de pijamas”, “Chiquititas” e “Teletambs”. Mas o meu médico falou que é possível que tenham que recorrer a fisioterapia, um pouco de HIP HOP, Black até mesmo PSEY.

Queria aproveitar a oportunidade e aconselhar as pessoas a não se entregarem a esse tipo de droga. Os traficantes só pensam no dinheiro. Eles não se preocupam com a sua saúde, por isso tapam sua visão para as coisas boas e te oferecem drogas. Se você não reagir, vai acabar drogado: alienado, inculto, manobrável, consumível, descartável e distante; vai perder as referencias e definhar mentalmente.

Em vez de encher a cabeça com porcaria, pratique esportes e, na dúvida, se não puder distinguir o que é droga ou não, faça o seguinte:

1. Não ligue a TV em festa de final de ano;
2. Não assista Malhação;
3. Se te oferecerem um CD, procure saber se o suspeito foi ao programa Tudo é possível.
4. Não compre nenhum CD que tenha mais de 5 pessoas na capa;
5. Não vá a shows em que os suspeitos estejam vestidos com roupas apertadinhas e fraginha pro lado.
6. Não compre nenhum CD que os suspeitos tenham cara de deprimidos;
7. Não vá a shows em que os suspeitos façam sinais de chifrinho com os dedos;
8. Não compre qualquer CD que tenha vendido mais de um milhão de cópias no Brasil;
9. Não escute nada em que o autor esteja mais chorando do que cantando.

Mas, principalmente, duvide de tudo e de todos. A vida e bela! Eu sei que você consegue! Diga não às drogas!
(Natália, Priscila e Pâmela/3º ano Respnsabilidade - 2009)


DROGAS?? NÃO VALEM A PENA!
Tudo começou quando eu tinha 15 anos e me peguei assistindo a “Sessão da tarde”, na qual estava passando “A Lagoa Azul”, a partir daquele momento fiquei viciado no filme e consegui assisti a ele cinco vezes em uma semana. A partir daí, meu vício por filmes aumentou, queria ver de tudo.
Na semana seguinte, fui à locadora experimentar outros tipos de drogas, sendo elas, “High School Musical” e “Dragon Ball Evolution”. Quando dei por mim, ja estava cantando e dançando as coreografias; era “Togheter” pra lá e pra cá.
A partir dali, já não respondia pelos meus atos. Fui às lojas Americanas e pedi desenhos animados; comprei a “Casa Monstro” e “A Guerra dos Vegetais”. Fui pra casa e comecei a assisti a eles. No meio do filme, reparei que toda a criançada da rua ali estava. Quando percebi que estava voltando à ser uma criança, resolvi mudar de estilo, queria algo mais cruel, partir para algo totalmente oposto a desenho animado, queria o terror em minha vida, algo que me fizesse ter pesadelos, alucinações, medo. Aluguei os filmes “Jogos Mortais” e “Fome assassina”, ambos sem conteúdo, mas me diverti com aquele terror e sangue para todo lado. O efeito não foi como eu esperava, e logo me cansei daquilo.
Quando resolvi mudar de gênero, logo apelei para as drogas mais pesadas como “Senhor dos Anéis” e “Piradas do Caribe”, drogas de longa duração, mais de três horas de efeito. E não parei por aí; aluguei o King Kong que não parecia mais ter fim, essas drogas me fizeram virar outra pessoa. Quando cai em mim já estava imitando aquele grande macaco do filme, como se ele fosse um herói para mim.
Dali pra frente, fui de mal a pior, aluguei filmes que achei que nunca fosse capaz; como ”Separados pelo casamento” chorei do começo ao fim.
Hoje estou internado em uma clínica. Meus verdadeiros amigos fizeram a única coisa que poderiam ter feito por mim. Meu tratamento está sendo muito duro: doses exageradas de comédias: ”Se eu fosse você” mudou a minha vida, nunca ri tanto em um filme. Depois parti para um remédio que acrescentasse algo em minha vida, logo assisti “A procura da felicidade” e “Sim, senhor”, esses filmes me fizeram refletir e me ajudaram muito no tratamento.
Hoje, sou uma nova pessoa, assisto a filmes, como, “Soldado Anônimo”,,”O Pianista”, ” O curioso caso de Benjamin Button”, dentre outros.
Se te oferecerem um DVD, procure saber se o suspeito já passou no programa “Cinema em casa” ou “Sessão da tarde”; não assista a filmes em que existam crianças estéricas cantando; não assistam filmes em que tenham comida na capa; procure saber se o filme veio da Disney; e o principal: leia a sinopse. Mas, principalmente, duvide de tudo e de todos. A vida é bela! Eu sei que você consegue! Diga não às drogas.

(Diana Carvalho, Éricka Carvalho, Jéssica Farias, Maximiliano dos Santos/ 3º ano Responsabilidade/ 2009)
Quem avisa amigo é

Tudo começou quando era criança, quando minha mãe colocava para eu ouvir “Ursinho Pimpão”, “Ilariê” e “Pop Pop” com isto foi só o começo do meu vicio causado por ela.
Fui crescendo e conhecendo outros tipos como “Felipe Dylon” com aquela música “É a musa do verão”, “Kelly Key”, “Wanessa Camargo” e “Sandy e Junior” com “Imortal”.
Logo resolvi experimentar algo diferente e fui para o Axé me soltar um pouco, daí veio “Eva”, “Ô Mila” e a “Dança do vampiro” após o uso contínuo já estava com passos feitos, isto passou a ser o centro da minha vida, pois onde ia dançava esses passos, era minha razão de existir!
Mas, com muito tempo de consumo, a droga perde o efeito, e você começa a querer coisas mais fortes, foi aí que comecei a correr atrás das paradas de sucesso. Foi a minha decadência total, fui ao show do “Calypso” era “Cavalo manco” e joga o cabelo pra lá e pra cá.
Quando dei por mim, estava vestindo quem nem ela e dançando e jogando cabelo para lá e para cá. Não deu outra: acabei virando cover da Joelma. Foi terrível!Eu sei! Mas o pior ainda está por vir.
Cheguei ao fundo do poço, comecei a escutar “Funk” com “Mc Koringa”, “Mc Creu” e “Gaiola das Popozudas”. Quando saio a noite é maior orgia com “Escorregou abaixa e pega”. Minha fraqueza era tanta que minha mãe acabou me internando em uma clínica psiquiatra.
O meu tratamento está sendo muito duro: doses de Rock, MPB e o médico já avisou que vai ter que ocorrer ao Jazz para me recuperar mais rápido.
Vou dar um conselho para você não acabar igual a mim, um viciado. Vou lhe ajudar a distinguir o que é droga ou não:
1° Não ligue a TV no Domingo a tarde;
2º Não vá a shows em que os suspeitos façam gestos ensaiados;
3° Não escute nada que vem do Belém do Pará nem do Rio de Janeiro muito menos de São Paulo;
4° Não compre nenhum CD só porque os caras da capa são lindos;
Eu sei que você consegue!
(Aline Fátima Fortes de Castro 3º ano Amizade/2009)

SAIA DESSA VIDA. DIGA NÃO`AS DROGAS!

Tudo começou quando eu tinha uns 7 anos. Ofereceram-me pela primeira vez algo que mudou a minha vida, disseram que era inofensivo. No começo parecia infantil, achei que nunca usaria isso!Mas lá estava eu, envolvido no êxtase de ilári, ilári-êh, oh, oh, oh e aos poucos já estava me mexendo todo,era um mexe,mexe com as mãos,mexe, mexe com os pés “Chiquithitas”.
O tempo passou, e quando vi, já estava ficando dependente daquilo. Acabe comprando pela primeira vez:
-Me dá um CD do KLB.
Era o principio de tudo. Comecei a pedir pra vida devolver minhas fantasias, e a cada dez palavras que falava, onze era “você”. Após o uso continuo, não queria mais saber de coisa leve, queria algo desafiador. Foi então que me apaixonei por uma mina dos cabelo dá hora, do corpão violão.
Iludido, de tudo fazia para esquecer a tal mina. Foi então que me vi frente a outras cinco meninas, era o Rouge, lá estava eu acompanhando a coreografia ensaiada, que todos conheciam. Meu Deus, seria uma epidemia?
Mas logo o sucesso acabou, e vinha outro grupo em seu lugar, o BR’OZ. E eu mais uma vez envolvido, copiava seus penteados, achando que causaria mais sucesso entre as garotas.
Virei cachorrinho que obedecia aos chamados de mais uma droga. A lista só cresceu.
Era droga de todo tipo, das mais fracas como as do começo, até as mais fortes como Calypso. Passe também pelo “ritmo” das popozudas, que nem sei se são cachorras ou gatinhas.
Hoje, graças a um único e sensato amigo, estou numa clinica de tratamento me desintoxicando de toda essa droga. Hoje, escuto música boa, de qualidade. Confesso que pra mim foi difícil admitir que estava drogado. Portanto aconselho:
*Não assistam programas infantis com repertórios chamados de musicais;
*Evite grupos que apresentem coreografias ensaiadas;
*Observe a letra, antes de ser tomada pela mexida de qualquer parte do seu corpo;
*Não compre Cd no qual os cantores sejam irmãos;
*Nunca escute músicas que viram sucesso e todos cantam, essas são as mais viciantes.
Não seja mais um drogado, eles só querem seu dinheiro! Saia dessa vida, diga não às drogas!

(Gabriela Ambrósio, Ingrid Venceslau, João Carlos, Tamires C. Nascimento, 3ºEMC-Respeito/2009)

domingo, 17 de maio de 2009

TERCEIROS ANOS, VAMOS FALAR DE LITERATURA


O QUE LITERATURA
Sabemos que o reino das palavras é farto. Elas brotam de nosso pensamento de maneira natural, não temos a preocupação de elaborar o que dizemos ou até mesmo escrevemos. As palavras, contudo, podem ultrapassar seus limites de significação. Podendo assim, conquistar novos espaços e passar novas possibilidades de perceber a realidade. O caminho que a literatura percorre é este. O artista sente, escolhe e manipula as palavras, as organiza para que produzam um efeito que vá além da sua significação objetiva, procurando aproxima-las do imaginário. A obra do escritor é fruto de sua imaginação, embora seja baseado em elementos reais. Da concretização desse trabalho surge então a obra literária. Dotado de uma percepção aguçada, o escritor capta a realidade através de seus sentimentos. Explora as possibilidades lingüísticas e as manipula no nível semântico, fonético e sintático. A literatura é uma manifestação artística. E difere das demais pela maneira como se expressa, sua matéria-prima é a palavra, a linguagem. O texto literário se caracteriza pelo predomínio da função poética. Observe, no poema Procura da poesia, como o poeta Carlos Drummond de Andrade descreve o escritor entrando no “reino das palavras”. Procura da poesia
Não faças versos sobre acontecimentos. Não há criação nem morte perante a poesia. Diante dela, a vida é um sol estático, não aquece nem ilumina. As afinidades, os aniversários, os incidentes pessoais não contam. Não faças poesia com o corpo, esse excelente, completo e confortável corpo, tão infenso à efusão lírica. Tua gota de bile, tua careta de gozo ou de dor no escuro são indiferentes. Nem me reveles teus sentimentos, que se prevalecem do equívoco e tentam a longa viagem. O que pensas e sentes, isso ainda não é poesia. Não cantes tua cidade, deixa-a em paz. O canto não é o movimento das máquinas nem o segredo das casas. Não é música ouvida de passagem; rumor do mar nas ruas junto à linha de espuma. O canto não é a natureza nem os homens em sociedade. Para ele, chuva e noite, fadiga e esperança nada significam. A poesia (não tires poesia das coisas) elide sujeito e objeto. Não dramatizes, não invoques, não indagues. Não percas tempo em mentir. Não te aborreças. Teu iate de marfim, teu sapato de diamante, vossas mazurcas e abusões, vossos esqueletos de família desaparecem na curva do tempo, é algo imprestável. Não recomponhas tua sepultada e merencória infância. Não osciles entre o espelho e a memória em dissipação. Que se dissipou, não era poesia. Que se partiu, cristal não era. Penetra surdamente no reino das palavras. Lá estão os poemas que esperam ser escritos. Estão paralisados, mas não há desespero, há calma e frescura na superfície inata. Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário. Convive com teus poemas, antes de escrevê-los. Tem paciência, se obscuros. Calma, se te provocam. Espera que cada um realize e consuma com seu poder de palavra e seu poder de silêncio. Não forces o poema a desprender-se do limbo. Não colhas no chão o poema que se perdeu. Não adules o poema. Aceita-o como ele aceitará sua forma definitiva e concentrada no espaço. Chega mais perto e contempla as palavras. Cada uma tem mil faces secretas sob a face neutra e te pergunta, sem interesse pela resposta, pobre ou terrível, que lhe deres: Trouxeste a chave? Repara: ermas de melodia e conceito elas se refugiaram na noite, as palavras. Ainda úmidas e impregnadas de sono, rolam num rio difícil e se transformam em desprezo.
ANDRADE, Carlos Drurmmond - “Procura da poesia” é um dos textos de abertura do livro A rosa do povo, que reúne poemas escritos entre 1943 e 1945, o conjunto formado por esses textos resulta numa das mais belas e profundas reflexões sobre o “fazer poético”, sobre a arte e utilidade da poesia.
CONCEITOS DE LITERATURA
NOTA: Conceituar, não Definir, a Literatura.

Não é de hoje que os estudiosos vêm procurando conceituar a Literatura de um modo convincente e conclusivo. Porém por mais esforços que tenham sido feitos, o problema continua aberto. E por quê? Ora, pelo simples fato de que nesse particular, somente podemos usar conceitos, nunca definição.
A Definição pertence ao campo da ciência. Definir é dar uma explicação precisa, exata de algo. Assim, quando dizemos que água é [H2O], estamos dando uma definição, pois os termos do enunciado correspondem à essência da água e tão somente a ela. Além disso, tal definição é aceita universalmente, pois se baseia no raciocínio, ou melhor, no emprego da razão.
O Conceito, por sua vez, é feito de acordo com as impressões mais ou menos subjetivas que cada um retira do objeto. Assim, quando conceituamos o amor, este conceito é feito levando em conta a forma como esse sentimento se manifestou em nós. Da mesma forma, quando dizemos que «belo é o que agrada», estamos tentando conceituar o Belo de uma forma que procura inutilmente ser universal. Basta uma análise superficial deste enunciado para que ele se revele incapaz de satisfazer a todos. Tudo o que agrada é belo? O que desagrada não pode ser belo? E quando um mesmo objeto agrada uma pessoa e desagrada outra? O feio para uns não pode ser belo para outros?
OS CONCEITOS DE LITERATURA
Não é fácil o trabalho de conceituar a Literatura. Por trás de todo conceito haverá sempre um posicionamento crítico. Seria, sobremaneira, improdutivo se procurássemos historiar uma a uma as propostas de conceito de Literatura. Todavia, colocaremos alguns conceitos, em relevo, para que possam fazer suas avaliações:
Um dos mais antigos textos sobre o conceito de Literatura é a Poética, de Aristóteles (que inaugurou a longa série de estudos). Nesse texto, o filósofo grego afirma que “arte é imitação (mímesis em grego)”. E justifica: “o imitar é congênito no homem (e nisso difere dos outros viventes, pois de todos, é ele o mais imitador e, por imitação, apreende as primeiras lições), e os homens se comprazem no imitado”. O que ele quer nos dizer é que o imitar faz parte da natureza humana e os homens sentem prazer nisso; em síntese, arte como recriação. Aristóteles afirma também que:
“Não é ofício de “o poeta” narrar o que aconteceu, é sim, representar o que poderia acontecer, quer dizer: o que é possível segundo a verossimilhança e a necessidade. Com efeito, não diferem o historiador e o poeta, por escreverem verso ou prosa ( pois bem que poderiam ser postas em verso as obras de Heródoto, e nem por isso deixariam de ser história, se fossem em verso o que eram em prosa); diferem, sim, em que diz um as coisas que sucederam, e outro as que poderiam suceder.” (Aristóteles. Poética.)
A Poética atravessou os séculos, mereceu comentários de vários tipos, foi combatida e rejeitada e, finalmente contrabalançada com a idéia segundo a qual o texto literário guarda intuitos lúdicos, ou seja, visa entreter o leitor, distraí-lo do cotidiano amargo e feroz. Assim se compreende que a literatura nos permite viver num mundo onde as regras inflexíveis da vida real podem ser quebradas, onde nos libertamos do cárcere do tempo e do espaço, onde podemos cometer excessos sem castigo e desfrutar de uma soberania sem limites. Daí, Aristóteles nos dizer que “o poeta”(ele usa o termo poeta como sinônimo de artista, do qual faz parte o poeta) recria a vida, mostrando-nos não como ela é, e sim como poderia ser.
• “Literatura é a imortalidade da fala.” (August Wilhelm)
• “A Literatura obedece a leis inflexíveis: a da herança, a do meio, a do mo mento.” (Hypolite Taine, determinista, século XIX)
• “A Literatura é arte e só pode ser encarada como arte. É a arte pela arte.” (Doutrina da «arte pela arte», fins do século XIX)
• "A Literatura é a expressão da sociedade, como a palavra é a expressão do homem.” (Louis de Bonald, pensador e crítico do Romantismo francês, início do século XIX)
• “O poeta sente as palavras ou frases como coisas e não como sinais e a sua obra como um fim e não como um meio; como uma arma de combate.” (Jean-Paul Sartre, século XX)
• "A literatura é como o sorriso da sociedade. Quando ela é feliz, a sociedade, o espírito se lhe reflete nas artes e, na arte literária, com ficção e com poesias, as mais graciosas expressões da imaginação. Se há apreensão ou sofrimento, o espírito se concentra grave, preocupado, e então, histórias, ensaios morais e científicos, sociológicos e políticos, são-lhe a preferência imposta pela utilidade imediata." (Afrânio Peixoto, Panorama da Literatura Brasileira)
• “Literatura é a linguagem carregada de significado. Grande Literatura é simplesmente a linguagem carregada de significado até o máximo grau possível. A literatura não existe no vácuo. Os escritores como tais, têm uma função social definida, exatamente proporcional à sua competência como escritores. Essa é a sua principal utilidade.” (Ezra Pound, poeta, teórico e crítico de literatura norte-americano)
• Afrânio Coutinho, em suas “Notas de Teoria Literária”, contribui com este magnífico conceito:
“A literatura, como toda arte, é uma transfiguração do real, é a realidade recriada, através do espírito do artista e retransmitida através da língua para as formas, que são os gêneros, e com os quais ela toma corpo e nova realidade. Passa, então, a viver outra vida, autônoma, independente do autor e da experiência de realidade de onde proveio. Os fatos que lhe deram às vezes origem perderam a realidade primitiva e adquiriram outra, graças à imaginação do artista. São agora fatos de outra natureza, diferente dos fatos naturais objetivados pela ciência ou pela história ou pelo social. O artista literário cria ou recria um mundo de verdades que não são mais medidas pelos mesmos padrões das verdades ocorridas. Os fatos que manipula não têm comparação com os da realidade concreta. São as verdades humanas gerais, que traduzem antes um sentimento de experiência, uma compreensão e um julgamento das coisas humanas, um sentido de vida, e que fornecem um retrato vivo e insinuante da vida. A Literatura é, assim, vida, parte da vida, não se admitindo possa haver conflito entre uma e outra. Através das obras literárias, tomamos contato com a vida, nas suas verdades eternas, comuns a todos os homens e lugares, porque são as verdades da mesma condição humana.”

• “A obra literária não é pura receptividade imitativa ou reprodutiva, nem pura criatividade espontânea e livre, mas «expressão» de um sentido novo, escondido no mundo, e um processo de construção do objeto artístico, em que o artista colabora com a natureza, luta com ela ou contra ela, separa-se dela ou volta a ela, vence a resistência dela ou dobra-se as exigências dela. [...]. O artista é um ser social que busca exprimir seu modo de estar no mundo na companhia de outros seres humanos, reflete sobre a sociedade, volta-se para ela, seja para criticá-la, seja para afirmá-la, seja para superá-la.” (Marilena Chauí, Convite à Filosofia)

Apesar das diferenças e por vezes antagonismos presentes nessa pequena amostragem, podemos retirar dela alguns fatos inegáveis:

a) A Literatura é uma manifestação artística.
b) A linguagem é o material da Literatura, isto é, o artista literário trabalha com a palavra.
c) Em toda obra literária percebe-se uma ideologia, uma postura do artista diante da realidade e das aspirações humanas.
Referencia bibliográfica:
Alfredo Bosi, História Concisa da Literatura.
Massaud Moisés, A Criação Literária.

Funções da literatura
A literatura, assim como qualquer outra arte, possui seus valores próprios; não precisa, para se legitimar, colocar-se a serviço da moral ou da filosofia, embora, ate os meados do século XVIII, fosse atribuída à literatura uma finalidade pedagógica moralista. Tinha, então:
* Função cognitiva: de passar conhecimentos, ser usada para ensinar alguma coisa.* função estética: existe para ser admirada, porque é bela.* Função político-social: interfere na sociedade, tem a opinião de pessoas.*Função catártica: libera sentimentos por meio da literatura.
Pra que serve a literatura
A Literatura é a arte da palavra. Podemos dizer que a literatura, assim como a língua que ela utiliza, é um instrumento de comunicação e de interação social, ela cumpre o papel de transmitir os conhecimentos e a cultura de uma comunidade.
A literatura está vinculada à sociedade em que se origina, assim como todo tipo de arte, pois o artista não consegue ser indiferente à realidade. A obra literária é resultado das relações dinâmicas entre escritor, público e sociedade, porque através de suas obras o artista transmite seus sentimentos e idéias do mundo, levando seu leitor à reflexão e até mesmo à mudança de posição perante a realidade, assim a literatura auxilia no processo de transformação social.
A literatura também pode assumir formas de crítica à realidade circundante e de denúncia social, transformando-se em uma literatura engajada, servindo a uma causa político-ideológica.
Podemos dizer que o texto literário conduz o leitor a mundos imaginários, causando prazer aos sentidos e à sensibilidade do homem. A literatura transformou-se, em várias partes do mundo, em disciplina escolar dada a sua importância para a língua e a cultura de um país, assim como para a formação de jovens leitores.

LINGUAGEM LITERÁRIA x LINGUAGEM NÃO-LIERÁRIA
A linguagem literária é caracterizada por sua plurissignificação, cuja base é a conotação, é utilizada muitas vezes com um sentido diferente daquele que lhe é comum.
Exemplificando, têm-se conto, romance, poema, novela, crônica e peças teatrais.
A linguagem não-literária usa a linguagem no sentido comum/dicionarizado, empregada denotativamente, a linguagem dos textos informativos, jornalísticos, receitas culinárias, manuais de instruções, científicos, dentre outros.

SENTIDO DENOTATIVO E SENTIDO CONOTATIVO

Nos textos literários nem sempre a linguagem apresenta um único sentido, aquele apresentado pelo dicionário. Empregadas em alguns contextos, elas ganham novos sentidos, figurados, carregados de valores afetivos ou sociais.
Quando a palavra é utilizada com seu sentido comum (o que aparece no dicionário) dizemos que foi empregada denotativamente.
Quando é utilizada com um sentido diferente daquele que lhe é comum, dizemos que foi empregada conotativamente, este recurso é muito explorado na Literatura.
A linguagem conotativa não é exclusiva da literatura, ela é empregada em letras de música, anúncios publicitários, conversas do dia-a-dia, etc. Observe um trecho da canção “Dois rios”, de Samuel Rosa, Lô Borges e Nando Reis, note a caracterização do sol, ele foi empregado conotativamente:
O sol é o pé e a mão O sol é a mãe e o pai Dissolve a escuridão O sol se põe se vai E após se pôr O sol renasce no Japão ... Que os braços sentem

E os olhos vêem Que os lábios sejam Dois rios inteiros Sem direção Que os braços sentem E os olhos vêem Que os lábios beijam Dois rios inteiros Sem direção
Note que a expressão “dois rios inteiros” também foi empregada conotativamente e compõe um dos elementos básicos para a interpretação da letra. http://www.brasilescola.com/literatura/o-que-e-literatura.htm


TODO TEXTO ARTISTICO TEM UMA ARQUITETURA, UMA CARPINTARIA PARA ALCANÇAR A QUALIDADE ESTÉTICA.

1. Romance

A partir do século XIX, o mundo atravessa grandes mudanças, a fotografia, a imprensa, as cidades, as descobertas científicas, a Revolução Industrial, o cinema vão transformar rapidamente o mundo de forma nunca antes vista. Todas essas novidades influenciam a vida mundana e também a arte.

Na literatura, os primeiros indícios de que situações importantes estavam alterando definitivamente a forma literária foi o surgimento do romance. Desde Cervantes, o romance vinha tornando forma e estabelecendo–se como o gênero típico da modernidade.

O romance é um gênero que surge com e na cidade moderna, resultante da articulação de vários elementos: entre eles: a imprensa (que possibilitou a impressão e distribuição dos volumes num custo menor ), a sociedade burguesa (principal consumidora dessas obras).

As principais características do discurso literario, na contemporaneidade são:

· Discurso do homem em conflito, insatisfeito, sobre si mesmo;
· Transforma/propõe e cria novas realidades;
· Texto aberto/ plural-ser lingüístico inacabado;
· Gênero híbrido/impuro - articula outros gêneros;
· Enciclopédia aberta, método de conhecimento, rede de conexões;
· Texto em devir (desenvolve se na própria ação );
· Autor – texto- leitor - sempre em processo;
· Texto metalinguístico.

2. Conto

“Um conto é uma verdadeira máquina literária de criar interesses” - Julio Cortazar

“Ninguém pode pretender que só se devam escrever contos após serem conhecidas suas leis. Em primeiro lugar não há tais leis; no máximo cabe falar de pontos de vista, de certas constantes que dão uma estrutura a esse gênero pouco classificável “- Julio Cortazar

O conto de origem popular, nasce na tradição oral e tem apoio na realidade cotidiana. Tem como característica principal a brevidade e a linearidade, embora os limites entre conto, novela fabula ou romance sejam por vezes muito tênues.

Outras características

· Temas significativos para o homem;
· Tensão interna;
· Personagens pouco profundos;
· Único episódio;
· Centrado na ação;
· Intensidade como acontecimento puro;
· Não há transcendência, como no romance;
· Intenção de obter um determinado efeito.

2. Poesia

“Engenho e arte”_Camões

“Todo verso é encantamento, por mais livre e inocente que pareça, é criação de um tempo e um estar fora de um ordinário, uma imposição de elementos” Julio Cortazar.
Não me interessa apenas escrever poesia. Quero é me colocar no estado de poesia. Ser uma antena, hipersensível.
Feroz como uma pantera. Suave, como um vaga-lume. “Intenso, como um vendaval.” Ademir Assunção.

Ligada à oralidade, à magia, ao canto e á dança, a poesia pode ser considerada a língua materna do homem. A poesia é a forma de expressar emoções por meio da expressão rítmica. O que seria um ruído para a comunicação tem na linguagem poética um processo de construção

Trem de ferroCafé com pãoCafé com pãoCafé com pãoVirge Maria que foi isso maquinista?Agora simCafé com pãoAgora simVoa, fumaçaCorre, cercaAi seu foguistaBota fogoNa fornalhaQue eu precisoMuita forçaMuita forçaMuita força(trem de ferro, trem de ferro)Oô...Foge, bichoFoge, povoPassa pontePassa postePassa pastoPassa boiPassa boiadaPassa galhoDa ingazeiraDebruçadaNo riachoQue vontadeDe cantar!
Oô...(café com pão é muito bom)Quando me prenderoNo canaviáCada pé de canaEra um oficiáOô...Menina bonitaDo vestido verdeMe dá tua bocaPra matar minha sedeOô...Vou mimbora vou mimboraNão gosto daquiNasci no sertãoSou de OuricuriOô...Vou depressaVou correndoVou na todaQue só levo Pouca gentePouca gentePouca gente...(trem de ferro, trem de ferro)(Manuel Bandeira in "Estrela da Manhã" 1936)


Mundo Pequenodo livro "O Livro das Ignorãças" - ed. Civilização Brasileira.
O mundo meu é pequeno, Senhor.Tem um rio e um pouco de árvores.Nossa casa foi feita de costas para o rio.Formigas recortam roseiras da avó.Nos fundos do quintal há um menino e suas latasmaravilhosas.Todas as coisas deste lugar já estão comprometidascom aves.Aqui, se o horizonte enrubesce um pouco, osbesouros pensam que estão no incêndio.Quando o rio está começando um peixe,Ele me coisaEle me rãEle me árvore.De tarde um velho tocará sua flauta para inverteros ocasos.IIConheço de palma os dementes de rio.Fui amigo do Bugre Felisdônio, de Ignácio Rayzamae de Rogaciano.Todos catavam pregos na beira do rio para enfiarno horizonte.Um dia encontrei Felisdônio comendo papel nas ruasde Corumbá.Me disse que as coisas que não existem são maisbonitas.IVCaçador, nos barrancos, de rãs entardecidas,Sombra-Boa entardece. Caminha sobre estratosde um mar extinto. Caminha sobre as conchasdos caracóis da terra. Certa vez encontrou umavoz sem boca. Era uma voz pequena e azul. Nãotinha boca mesmo. "Sonora voz de uma concha",ele disse. Sombra-Boa ainda ouve nestes lugaresconversamentos de gaivotas. E passam navioscaranguejeiros por ele, carregados de lodo.Sombra-Boa tem hora que entra em puradecomposição lírica: "Aromas de tomilhos dementamcigarras." Conversava em Guató, em Português, e emPássaro.Me disse em Iíngua-pássaro: "Anhumas premunemmulheres grávidas, 3 dias antes do inturgescer".Sombra-Boa ainda fala de suas descobertas:"Borboletas de franjas amarelas são fascinadaspor dejectos." Foi sempre um ente abençoado agarças. Nascera engrandecido de nadezas.VIDescobri aos 13 anos que o que me dava prazer nasleituras não era a beleza das frases, mas a doença delas.Comuniquei ao Padre Ezequiel, um meu Preceptor, esse gosto esquisito.Eu pensava que fosse um sujeito escaleno.- Gostar de fazer defeitos na frase é muito saudável, o Padre me disse.Ele fez um limpamento em meus receios.O Padre falou ainda: Manoel, isso não é doença,pode muito que você carregue para o resto da vida um certo gosto por nadas...E se riu.Você não é de bugre? - ele continuou.Que sim, eu respondi.Veja que bugre só pega por desvios, não anda em estradas -Pois é nos desvios que encontra as melhores surpresas e os ariticuns maduros.Há que apenas saber errar bem o seu idioma.Esse Padre Ezequiel foi o meu primeiro professor degramática.VIToda vez que encontro uma paredeela me entrega às suas lesmas.Não sei se isso é uma repetição de mim ou das lesmas.Não sei se isso é uma repetição das paredes ou de mim.Estarei incluído nas lesmas ou nas paredes?Parece que lesma só é uma divulgação de mim.Penso que dentro de minha cascanão tem um bicho:Tem um silêncio feroz.Estico a timidez da minha lesma até gozar na pedra.

Acima de qualquer suspeita

a poesia está morta mas juro que não fui eu eu até que tentei fazer o melhor que podia para salvá-la imitei diligentemente augusto dos anjos paulo torres car- los drummond de andrade manuel bandeira murilo mendes vladmir maiakóvski joão cabral de melo neto paul éluard oswald de andrade guillaume appolinaire sosígenes costa bertolt brecht augusto de campos não adiantou nada em desespero de causa cheguei a imitar um certo (ou incerto) josé paulo paes poeta de ribeirãozinho estrada de ferro araraquarense porém ribeirãozinho mudou de nome a estrada de ferro araraquarense foi extinta e josé paulo paes parece nunca ter existido nem eu
(Jose Paulo Paes)
· Construção /sugestão pela imagem;
· Musicalidade.;Ritmo;
· Sinestesia;
· Rimas;
· Síntese/condensação – Ezra Pound;
· “somsentido”- Valery;
· Configuração formal: verso ;
· Tradução subjetiva das emoções coletiva ;
· A palavra deixa de ser um meio para ser um fim em si mesma

Itens Importantes!

Intertextualidade
“Todo texto se constrói como mosaico de citações, todo texto é absorção e transformação de um outro texto. Em lugar da noção de intersubjetividade, instala se a de intertextualidade e a linguagem poética lêem se pelo menos como dupla.” (KRISTEVA apud SCHWARTZ in O abismo invertido )

“a intertextualidade designa não a soma confusa e misteriosa de influências, mas o trabalho de transformação e assimilação de vários textos operado por um texto centralizador, que detém o comando do sentido.” (JENNY apud SCHWARTZ in O abismo invertido )

VERDADE E MENTIRA

a arte mente porque é social. E só há duas grandes formas de arte- uma que se dirige á nossa alma profunda, a outra que se dirige á nossa alma atenta. A primeira é a poesia, o romance a segunda,. A primeira começa a mentir na própria estrutura, a segunda começa a mentir na própria intenção.´´(PESSOA, Fernando, in Livro do Desassossego )

“Para fazer historia faz se uma seleção de fatos, de acontecimentos, de pessoas e de lugares. Ora, isso é ficção.” José Saramago

“a ficção é a historia que poderia ter ocorrido e a historia é a ficção que ocorreu.” (André Gide, 1914)

“podia ser verdade, podia ser mentira, é essa a insuficiência das palavras, ou, pelo contrario, a sua condenação por duplicidade sistemática, uma palavra mente, com a mesma palavra se diz a verdade, não somos o que dizemos, somos o credito que nos dão...” (SARAMAGO, José in O ano da morte de Ricardo Reis)

ATIVIDADES

I- A narrativa literária moderna: hibridização do gênero

1) Leia a narrativa a seguir:

A ROSA DE SEDA
(fabula)

Num fabulário ainda por encontrar será um dia lida esta fabula:

A uma bordadeira dum país longínquo foi encomendado pela sua rainha que bordasse, sobre seda ou cetim, entre folhas, uma rosa branca, a bordadora, como era muito jovem, foi procurar por toda parte aquela rosa branca perfeitíssima, em cuja semelhança bordasse a sua.
Mas sucedia que umas rosas eram menos belas do que lhe convinha, e que outras não eram brancas como deviam ser. Gastou dias sobre dias, chorosas horas, buscando a rosa que imitasse com seda, e, como nos países longínquos nunca deixa de haver pena de morte, ela sabia bem que, pelas leis dos contos como este, não podiam deixar de a matar se ela não bordasse a rosa branca.

Por fim, não tendo melhor remédio, bordou de memória a rosa que lhe haviam exigido. Depois de a bordar foi compara-la com as rosas brancas que existem realmente nas roseiras. Sucedeu que todas as rosas brancas se pareciam com a rosa que ela bordara, que cada uma delas era exactamente aquela.

Ela levou o trabalho ao palácio e é de supor que casasse com o príncipe

No fabulário, onde vem, esta fábula não traz moralidade. Mesmo porque, na idade de ouro, as fabulas não tinham moralidade nenhuma.


2) Em pequenos grupos, estude o texto, considerando o seguinte roteiro;

2.1Quais os elementos que compõe a narrativa?
2.2Levantem o percurso da personagem, caracterizando suas ações.
2.3. Destaque o tempo e o espaço da narrativa
2.4. Quis os possíveis significados do titulo?
2.5.Esse texto é uma narrativa tradicional? Justifique sua resposta

3) Inteirando se com a classe, apresente os resultados do sub grupo de estudo, dando destaque aos conceitos literários da narrativa.

4) Tendo em vista a analise e discussão do texto literário, retome ao seu grupo e organize uma síntese conceitual, centrando se nos seguintes componentes narrativos:

a. Narrativa literária:
b. Personagem :
c. Narrador:
d. Narratário:
e. Enunciado/ Enunciação:

Uma das características essenciais da obra de João Guimarães Rosa consiste na reinvenção da própria linguagem, subvertendo a semântica tradicional e construindo um estilo próprio em que a palavra converte se em uma realidade multisignificativa. As invenções vocabulares, as desarticulações sintáticas, as translações de significado, as mutações semânticas e as associações de som e sentido, provam, que a literatura de Guimarães Rosa é pura construção de linguagem.


DESENREDO - JOÃO GUIMARÃES ROSA
Do narrador aos seus ouvintes
- Jô Joaquim, cliente, era quieto, respeitado, bom como o cheiro de cerveja. Tinha o para não ser célebre. Com elas quem pode, porém? Foi Adão dormir, e Eva nascer. Chamando se Livíria, Rivília ou Irvilia, a que, nesta observação, a Jô Joaquim apareceu.
Antes bonita, olhos de viva mosca, morena mel e pão. Alias, casada. Sorriam se, viram se. Era infinitamente maio e Jô Joaquim pegou o amor. Enfim, estenderam se. Voando o mais em ímpeto de nau tangida a vela e vento. Mas muito tendo tudo de ser secreto, claro, coberto- de sete capas.
Porque o marido se fazia notório, na valentia com ciúme; e as aldeias são a alheia vigilância. Então ao rigor geral os dois se sujeitaram, conforme o clandestino amor em sua forma local, conforme o mundo é mundo. Todo abismo é navegável a barquinhos de papel.
Não se via quando e como se viam. Jô Joaquim, além disso, existindo só retraído, minuciosamente. Esperar é reconhecer se incompleto. Dependiam eles de enorme milagre. O inebriado engano.
Até que- deu se o desmastreio. O trágico não vem a contagotas. Apanhara o marido a mulher: com outro, um terceiro...
Sem mais cá nem mais lá, mediante revolver, assustou a e matou-o.
Diz se, também, que de leve a ferira, leviano modo.
Jô Joaquim, derrubadamente surpreso, no absurdo desistia de crer, e foi para o decúbito dorsal, por dores, frios, calor, quiçá lagrimas, devolvido ao barro, entre o inefável e o infando. Imaginara jamais a ter o pé em três estribos; chegou a maldizer de seus próprios e gratos abusufrutos. Reteve se de vê-la. Proibia se de ser pscudopersonagem, em lance de tão vermelha e preta amplitude.

Ela – longe- sempre ou ao máximo mais formosa, já sarada e sã. Ele exercitava se a agüentar se, nas defeituosas emoções.
Enquanto, ora,as coisas amaduravam. Todo fim é impossível?
Azarado fugitivo, e como a Providência praz,o marido faleceu, afogado ou de tifo. O tempo é engenhoso
Soube o logo Jô Joaquim, em seu franciscanato, dolorido mas já medicado. Vai, pois, com a amada se encontrou- ela sutil como uma colher de chá, grude de engodos, o firme fascínio nela acreditou, num abrir e não fechar de ouvidos. Daí, de repente, casaram se. Alegres, sim, para feliz escândalo popular, por que forma fosse
Mas
Sempre vem imprevisível o abominoso ? Ou: os tempos seguem e parafraseiam se. Deu se a entrada dos demônios
Da vez, Jô Joaquim foi quem a deparou, em péssima hora: traído e traidora. De amor não a matou, que não era para truz de tigre ou leão. Expulsou a apenas, apostrofando se, como inédito poeta e homem. E viajou fugida a mulher, aa desconhecido destino.

Tudo aplaudiu e reprovou o povo, repartido. Pelo fato, Jô e Joaquim sentiu se histórico, quase criminoso, reincidente .Triste, pois que tão calado. Suas lagrimas corriam atrás dela, como formiguinhas brancas. Mas, no frágio da barca, de novo respeitado, quieto. Vá se a camisa, que não o dela demntro.Era o seu um amor meditado,a prova de remorsos. Dedicou se a endireitar se
Mais
No decorrer e comenos, Jô Joaquim entrou sensível a aplicar se, a progressivo, jeitoso afã. A bonança nada tem nada a ver com a tempestade. Crível? Sábio sempre foi Ulisses, que começou por se fazer de louco. Desejava ele, Jô Joaquim, a felicidade- idéia inata. Entregou se a remir, redimir a mulher, á conta inteira. Incrível? É de notar que o arvem do ar. De sofrer e amar, a gente não se desafaz.
Ele queria apenas os arquétipos, platonizava. Ela era um aroma.
Nunca tivera ela amantes ! Não um. Não dois. Disse se e dizia isso Jô Joaquim. Reportava a lenda a embustes, falsas lerias escabrosas. Cumpria lhe descaluniá- la, obrigava se por tudo. Trouxe a boca- de- cena do mundo, de caso raso, o que fora tão claro como água suja. Demonstrando o, amatematico, contrario ao publico pensamento e á lógica, desde que Aristóteles a fundou. O que não era tão fácil como refritar almôndegas. Sem malicia, com paciência, sem insistência, principalmente.
O ponto esta em que o soube, de tal arte: por antipesquisas; acronologia miúda, conversinhas escudadas, remendados testemunhos. Jô Joaquim, genial, operava o passado – plástico e contraditório rascunho. Criava nova, transformada realidade, mais alta. Mais certa?
Celebrava a, ufanático, tendo a por justa e averiguada; com convicção manifesta. Haja o absoluto amar – e qualquer causa se irrefuta
Pois, produziu efeito. Surtiu bem. Sumiram se os pontos das reticências, o tempo secou o assunto. Total o transato desmanchava se, a interior evidencia e seu nevoeiro. O real e valido, na arvore, é a reta que vai para cima. Todos já acreditavam. Jô Joaquim primeiro que todos
Mesmo a mulher, até por fim. Chegou lhe lá a noticia, onde se achava, em ignota, defendida, perfeita distancia. Soube se nua e pura. Veio sem culpa. Voltou, com dengos e fofos de bandeira ao vento.
Três vezes passa perto da gente a felicidade. Jô Joaquim e Viliria retomaram se, e conviveram, convolados, o verdadeiro e melhor de sua útil vida.
E pôs se a fabula em ata.

ROTEIRO DE TRABALHO DE DESENREDO, DE GUIMARÃES ROSA

A- Seu primeiro contato com o texto deve ser feito por meio de uma leitura silenciosa e atenta. Em seguida, faremos uma leitura compartilhada em voz alta, enfatizando a pontuação e o ritmo do texto.

B- Realizada a experiência de leitura, cria se um pacto com o texto; o resultado dessa interação é o conhecimento constituído pelo leitor. Na perspectiva de auxiliá lo na experiência de construção de significados, propomos algumas questões. Cada uma delas é seguida de alternativas que, assinaladas, deverão facilitar a discussão do texto pautada em interpretação de cada um dos leitores.

C- Assinale, ao lado de cada questão, a alternativa que julga correta:

1. O narrador se apresenta no conto como:
a. Personagem protagonista.
b.Simples observador;
c.Aquele que esta dentro de cada personagem;
d. Um contador de historia;

2.Ainda em relação ao narrador, comente e avalie a(s) alternativa(s) correta(s).:
a. É agente do desenredo;
b. apresenta se como narrador tradicional;
c.revela se como alguém de imaginação criativa;
d. presentifica se por meio de um discurso avaliativo.

3.Por meio da leitura do conto, é possível observar:
a.O emprego desgastado de provérbios populares;
b.Um dialogo explicito entre narrador, texto e leitor;
c.releitura da historia de Adão e Eva
d. intertextualidade

4. A personalidade de Jô e Joaquim e de “Livíria” estão indiciadas no inicio do conto:
a.pelo IR e VIR dos amantes;
b.pela descrição metonímica de cada uma das personagens;
c.por meio do nome das personagens;
d.por se lavrar a fabula em ata
e.pelas características que o narrador dá às personagens

5. “bom como o cheiro de cerveja”
“morena mel e pão”
Nos trechos acima, as relações comparativas evidenciam:
a. características bíblicas;
b. um trabalho de linguagem em nível de sinestesia;
c. uma interpretação humorística do narrador;
d. uma descrição que evidencia a passagem do romantismo ao realismo;
e. marcas de vulgaridade das personagens.

6. A trama do conto pode ser centrada:
a.na tragédia de um assassinato;
b.em um episodio bíblico;
c.em um adultério;
d. em um caso de amor original;
e.no conflito entre dois amantes e os habitantes de uma pequena aldeia.

7. Relacione um provérbio conhecido que recupere o colocado no texto:
“Vá se a camisa, que não o dela dentro”.

8. Jô Joaquim incumbe se de descaluniar Livíria. O elemento auxiliar dessa ação foi:
a.a colaboração de testemunhas da própria aldeia;
b.o tempo que engenhosamente transforma a realidade;
c.o fim da vigilância existente na aldeia;
d.a reflexão franciscanata de Jô Joaquim.

9.A organização do conto retoma o titulo – Desenredo- porque:
a. desenredo é uma palavra montagem, que indicia a organização do texto;
b. o conto é uma estruturação amatemática e acronológica;
c. é um conto que se caracteriza pelo enredo e consequências de ações das personagens;
d. o conto tem um enredo tipicamente romântico.

10. “[...]e como à Providência apraz, o marido faleceu, afogado ou de tifo.”
A partir da compreensão do conto e do trecho acima, pode –se afirmar que:
a. a Providência fez apenas justiça;
b. a Providência deu tempo ao tempo e as coisas aconteceram;
c. a Providência castigou terrivelmente os amantes;
d. a Providência não tomou partido da situação.

O AMOR É ROSA

Eu sou branco,Você é vermelha.Quando estamos juntos somos rosa.
Antes de eu conhecer você, até que eu vivia bem sozinho.Comia o que eu queria, na hora que eu bem entendia.Era liberdade, independência e auto-suficiência.
Quando vi você, fiquei feliz e vermelho de paixão.Nem me percebi que eu já não era mais o branco. Foi então que o vermelho ameaçou me sufocar.
Comecei a me irritar e brigar com você.No fundo era porque você era vermelha, e não branca como eu queria.
Por vezes, percebi-me querendo mudar a sua cor.Você soube permanecer vermelha, não se tornou branca.Branca nada acrescenta ao branco.
E assim, entre nós, foi-se formando a rosa.Mas tive receios de perder minha personalidade.Temi perder minha individualidade.
Descobri: branco para se transformar em rosanão é perder-se, desestruturar-se e desaparecer...É crescer, complementar-se com a vermelha.
O meu temor à rosa deu lugar ao prazerda convivência, do relacionamentodo amar e ser amado.
Dá mais trabalho porque nada pode e deve ser só branco,mas tudo pode ser mais gostoso e rico com a vermelha. Com ela vive-se o prazer, a cor, o amor.
Ser rosa é carregar dentro de si a vermelha.É ter a sua presença, pela saudade, na solidãoÉ destacá-la no meio da multidão.
PODE SER MUITO BOM UM LANCHE BRANCOMAS NADA SUPERA UM SINGELO JANTAR ROSA.
Dr. Içami Tiba
( Texto retirado do livro Amor, Felicidade & Cia )

Língua
Gosto de sentir a minha língua roçar
A língua de Luís de Camões.
Gosto de ser e de estar
E quero me dedicar
A criar confusões de prosódia
E uma profusão de paródias
Que encurtem dores
E furtem cores como camaleões.
Gosto do Pessoa na pessoa
Da rosa no Rosa,
E sei que a poesia está para a prosa
Assim como o amor está para amizade.
E quem há de negar que esta lhe é superior?
E deixa os portugais morrerem à mingua,
“Minha pátria é minha língua”
__Fala, Mangueira!

Flor do Lácio Sambódromo
Lusamérica latim em pó
O que quer
O que pode
Esta língua?(Caetano Veloso)

LENDO OS TEXTOS


1.A expressão “esplendor e sepultura” do poema de Bilac pode ser analisada nos planos sintático e expressivo. Examine a primeira estrofe sob esses dois aspectos e a seguir indique:

1. A função sintática exercida por “esplendor e sepultura” na oração em que se encontra;
2. A figura (recurso expressivo) realizada pela aproximação desses dois vocábulos;
3. Intenções do uso desses recursos. .

2.O texto de Bilac contém referências ao Brasil ou português aqui falado, como por exemplo em: “Amo o teu viço agreste e o teu aroma/ De virgens selvas e de oceano largo!”. Localize no texto de Caetano duas passagens em que se faça referência ao português do Brasil ou a qualquer outro fato que diga respeito a nosso país; explicando, em seguida,essas passagens.

3. No verso “És, a um tempo, esplendor e sepultura”, trabalha-se a tessitura sonora pela aliteração do /p/ e do /t/: “És, a um
tempo, esplendor e sepultura”. No poema de Caetano, explora- se esse recurso diversas vezes. Com base nessas informações, identifique-o e justifique o efeito conseguido.

4.A leitura do poema de Bilac revela que sua atitude ante a Língua Portuguesa é solene e respeitosa. Pelo acúmulo de adjetivos e pelo recurso a imagens rebuscadas, o poeta tenta demonstrar sua admiração ante as riquezas e potencialidades do idioma falado no país.Percebe em Caetano uma atitude semelhante à de Bilac, mas com alguns ingredientes próprios. Faça um comentário a esse respeito.

5. Segundo gramático Celso Cunha, vocativo é um termo que serve ”apenas para invocar, chamar ou nomear, com ênfase maior ou menor, uma pessoa ou coisa personificada”. Tendo em mente essa definição, cite exemplos desse recurso da língua e justifique o uso.

6. Explique a razão pela qual a palavra “portugais” aparece escrita com letra minúscula/plural “E deixa os portugais morrerem à míngua”.