O escritor José Saramago, primeiro Prêmio Nobel português, morreu aos 87 anos nesta sexta-feira em sua casa nas Ilhas Canárias, informou a editora que publica seus livros na Espanha, a Alfaguara. O autor, cuja frágil saúde provocou temores sobre sua vida há alguns anos, publicou no final de 2009 seu último romance "Caim", um olhar irônico sobre o Velho Testamento, muito criticado pela Igreja Católica.
Cético e pessimista contumaz, Saramago levantou sua voz por inúmeras vezes contra as injustiças, a Igreja e os grandes poderes econômicos, que ele via como grandes doenças de seu tempo. Entre as obras do ator português, que começou a carreira como poeta, estão "O Ano da Morte de Ricardo Reis", "O Evangelho Segundo Jesus Cristo" e "Ensaio sobre a Cegueira".
Cético e pessimista contumaz, Saramago levantou sua voz por inúmeras vezes contra as injustiças, a Igreja e os grandes poderes econômicos, que ele via como grandes doenças de seu tempo. Entre as obras do ator português, que começou a carreira como poeta, estão "O Ano da Morte de Ricardo Reis", "O Evangelho Segundo Jesus Cristo" e "Ensaio sobre a Cegueira".
18/06/2010-13h45
Especialistas comentam literatura de José Saramago; ouça
A língua portuguesa perde um grande mestre com a morte de José Saramago. Para Maria Heloisa Martins Dias, especialista em literatura portuguesa e professora da Unesp (Universidade Estadual Paulista) de São José do Rio Preto, Portugal dificilmente terá outro escritor à altura.
"Saramago manifestou um intenso apego por seu país por meio da literatura. Ele tinha uma visão crítica, provocativa, desestabilizadora, chamando a consciência do leitor para problemas vividos pelo país", diz.
Sylvia Cyntrão, do Departamento de Teoria Literária e Literaturas da UnB (Universidade de Brasília), diz que a linguagem do escritor é transversal.
"Ele trabalha com a cultura portuguesa, mas as histórias se abrem para que a gente possa pensar o ser humano. Quando você lê a história de alguns personagens, você trabalha questões psicológicas internas sem saber", declara a professora.
Alcir Pécora, professor de teoria literária da Unicamp (Universidade de Campinas), ressalta que Saramago teve um grande domínio da língua, o que lhe permitiu extrapolar em suas narrativas.
"Todos os romances dele são a partir de uma ideia central que tem grande interesse, mas eu acho que nem sempre o desenvolvimento é interessante. A partir de um certo momento os sentidos dessa ideia inicial acabam por se esgotar em algumas relações mais ou menos fáceis", avalia Pécora.
http://www1.folha.uol.com.br/multimidia/podcasts/753230-especialistas-comentam-literatura-de-jose-saramago-ouca.shtml
18/06/2010-20h40
Documentário traz imagens inéditas de Saramago e sua mulher
O filme "José & Pilar" faz um retrato intimista da relação do prêmio Nobel da Literatura José Saramago --falecido nesta sexta-feira-- e de sua mulher, a jornalista espanhola Pilar Del Rio. O documentário traz imagens do cotidiano do casal e declarações de amor.
"Se eu tivesse morrido aos 63 anos antes de lhe ter conhecido, morreria muito mais velho do que serei quando chegar a minha hora", diz Saramago em um dos trechos do trailer abaixo.(O longa inédito do diretor português Miguel Gonçalves Mendes tem estreia prevista para novembro no Brasil.)