domingo, 3 de abril de 2011

3º RECADO PARA 2° ANOS DO ENSINO MÉDIO DE 2011 DO JC - ABRIL

DIAS 25 e 27 DE ABRIL, TEREMOS EVENTO AVALIATIVO; PORTANTO LEIA E ESTUDE:

1. FIGURAS DE LINGUAGEM:


2. POESIA DE CORDEL(CAPÍTULO DA REVISTA DA SECRETARIA DA EDUCAÇÃO/VOL 4- 1ºANO E AINDA VISITE O SITE: http://educacao.uol.com.br/folclore/ult1687u5.jhtm

3. AS PEÇAS TEATRAIS: "AUTO DA BARCA DO INFERNO, DE GIL VICENTE NESTE SITE, SE ENCONTRA A OBRA NAÍNTEGRA: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000107.pdf



 E "AUTO DA COMPADECIDA DE ARIANO SUASSUNA;

VISITE ESTES SITES, TEMOS COMENTÁRIOS SOBRE A OBRA EM QUESTÃO QUE VALEM A PENA CONHECÊ-LOS E A PEÇA NA ÍNTEGRA NO FINAL DA PÁGINA E NAS PÁGINAS SUBSEQUENTES:   http://www.passeiweb.com/na_ponta_lingua/livros/analises_completas/a/auto_da_compadecida 
http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/ariano-suassuna/auto-da-compadecida.php

sábado, 2 de abril de 2011

RECADOS DE ABRIL 2011 PARA O 8ªs/9º ANOS DO JC TEXTO DO TIPO DO ARGUMENTAR

1º EXEMPLO: LETRAS DE MÚSICA


Perfeição 

Legião Urbana

Composição : Renato Russo
Vamos celebrar
A estupidez humana
A estupidez de todas as nações
O meu país e sua corja
De assassinos
Covardes, estupradores
E ladrões...

Vamos celebrar
A estupidez do povo
Nossa polícia e televisão
Vamos celebrar nosso governo
E nosso estado que não é nação...

Celebrar a juventude sem escolas
As crianças mortas
Celebrar nossa desunião...

Vamos celebrar Eros e Thanatos
Persephone e Hades
Vamos celebrar nossa tristeza
Vamos celebrar nossa vaidade...

Vamos comemorar como idiotas
A cada fevereiro e feriado
Todos os mortos nas estradas
Os mortos por falta
De hospitais...

Vamos celebrar nossa justiça
A ganância e a difamação
Vamos celebrar os preconceitos
O voto dos analfabetos
Comemorar a água podre
E todos os impostos
Queimadas, mentiras
E seqüestros...

Nosso castelo
De cartas marcadas
O trabalho escravo
Nosso pequeno universo
Toda a hipocrisia
E toda a afetação
Todo roubo e toda indiferença
Vamos celebrar epidemias
É a festa da torcida campeã...

Vamos celebrar a fome
Não ter a quem ouvir
Não se ter a quem amar
Vamos alimentar o que é maldade
Vamos machucar o coração...

Vamos celebrar nossa bandeira
Nosso passado
De absurdos gloriosos
Tudo que é gratuito e feio
Tudo o que é normal
Vamos cantar juntos
O hino nacional
A lágrima é verdadeira
Vamos celebrar nossa saudade
Comemorar a nossa solidão...

Vamos festejar a inveja
A intolerância
A incompreensão
Vamos festejar a violência
E esquecer a nossa gente
Que trabalhou honestamente
A vida inteira
E agora não tem mais
Direito a nada...

Vamos celebrar a aberração
De toda a nossa falta
De bom senso
Nosso descaso por educação
Vamos celebrar o horror
De tudo isto
Com festa, velório e caixão
Tá tudo morto e enterrado agora
Já que também podemos celebrar
A estupidez de quem cantou
Essa canção...

Venha!
Meu coração está com pressa
Quando a esperança está dispersa
Só a verdade me liberta
Chega de maldade e ilusão
Venha!
O amor tem sempre a porta aberta
E vem chegando a primavera
Nosso futuro recomeça
Venha!
Que o que vem é Perfeição!...



Minha alma tem o peso da luz. Tem o peso da música. Tem o peso da palavra nunca dita, prestes quem sabe a ser dita. Tem o peso de uma lembrança. Tem o peso de uma saudade. Tem o peso de um olhar. Pesa como pesa uma ausência. E a lágrima que não se chorou. Tem o imaterial peso da solidão no meio de outros. (Clarice Lispector)



texto n° 1: Minha Alma (A Paz Que Eu Nao Quero)
O Rappa
Composição : Marcelo Yuka


A minha alma tá armada e apontada
Para cara do sossego!
(Sêgo! Sêgo! Sêgo! Sêgo!)
Pois paz sem voz, paz sem voz


Não é paz, é medo!
(Medo! Medo! Medo! Medo!)
As vezes eu falo com a vida,
As vezes é ela quem diz:
"Qual a paz que eu não quero conservar,
Prá tentar ser feliz?"

As grades do condomínio
São prá trazer proteção
Mas também trazem a dúvida
Se é você que tá nessa prisão

Me abrace e me dê um beijo,
Faça um filho comigo!
Mas não me deixe sentar na poltrona
No dia de domingo, domingo!
Procurando novas drogas de aluguel
Neste vídeo coagido...


É pela paz que eu não quero seguir admitindo
É pela paz que eu não quero seguir
É pela paz que eu não quero seguir
É pela paz que eu não quero seguir admitindo

COMENTÁRIOS ACERCA DA LETRA DA MÚSICA DO GRUPO "O RAPPA"
http://analisedeletras.com.br/rappa/minha-alma-a-paz-que-eu-nao-quero/ - acesso em 02de abril de 2011

1.Na verdade a musica fala de sermos prisioneiros de uma paz imposta, falsa e submetedora da nossa açao social, onde, pelo fato de sermos pessoas honestas e cumpridoras de nossas obrigaçoes sociais, somos obrigados a nos tornarmos réfens dos grupos sociais que nao se submetem aos ditames sociais e violentamente pertubam a paz., ao perceber isto o autor propoem uma atitude de mudança desta realidade, nao com os padroes sociais, insuficientes para implementar tal mudança, mas através de sentimentos nobres, explicitamente o amor, donde deduz-se que nao existe amor em nossa sociedade. (Comentário by armando — 28 de janeiro de 2011)

2.“A minha alma tá armada e apontada para cara do sossego/ Pois paz sem voz não é paz é medo”. Insegurança, acomodação, fragilidade, medo da solidão, da rejeição, de colocar ”a cara a tapa”. É este o sentido que os primeiros versos passam. E, para reforçar essa ideia, segue o próximo trecho: “Às vezes eu falo com a vida, às vezes é ela quem diz/ Qual a paz que eu não quero conservar para tentar ser feliz?”. A paz almejada está estritamente relacionada com o medo do Eu Lírico. É muito mais fácil alcançá-la sem voz, e aceitar a vida como ela é, sem questioná-la, sem quebrar os paradigmas impostos pela sociedade, pela família ou por outros grupos sociais.


E daí segue o trecho: “As grades do condomínio são para trazer proteção/ Mas também trazem a dúvida se não é você que está nessa prisão”, quando o eu lírico já começa a questionar e ter dúvidas em relação a sua postura “submissa”. Ele começa a buscar um sentido para viver, e descobre-se sozinho, o que talvez é o mal de muitas, e muitas pessoas, como sugere os versos “Me abrace e me dê um beijo/ Faça um filho comigo/ Mas não me deixe sentar na poltrona no dia de domingo”.


Por fim, os versos finais “Procurando novas drogas de aluguel nesse vídeo coagido/ É pela paz que eu não quero seguir admitindo”, revela que sua “paz” é camuflada, é seguida de dúvidas, de medos e de questionamentos que a vida impõe.
Realmente, é “a paz que eu não quero”. (Comentário by Loira — 17 de dezembro de 2010)

3.Eu entendi que nessa musica o autor Happpa, faz críticas aos problemas que sofre hoje a sociedade brasileira . Tanta violência, grande tráfico e consumo de drogas, e pessoas deixam isso passar como se não tivesse vivendo aquela situação,preferem ficar em casa dia de domingo assistindo TV. Essa música para mundos e que deveria significar para todos uma coincientização do que vivemos hoje com tanto problemas, destruição, etc. (Comentário by Isabella — 23 de novembro de 2010)

4.Eu entendo que essa música reflete a realidade em que se encontra a sociedade brasileira.Realidade esta que faz com que aceitemos e acustumemos com situações absurdas, como a violência, drogas e uso de armas, dentre outras atrocidades.


A música faz que que reflitamos qual o verdadeiro significado da paz, ou seja, paz se limita ao que vpcê enxerga no seu mundo isolado ( grades no condomínio) ou paz verdadeira é somente aquela que se alcaça com o bem estar de todos.


O autor da música, Rappaz, faz uma crítica fortíssima aos programas fúteis que passam na televisão, especialmente no domingo que é um dia em que a audiência tende a ser bem maior.(Comentário by Igor Cruz — 26 de outubro de 2010)

5.O Titulo da musica e a primeira estrofe ja reflete o sentido inteiro da musica. Diz, da caracteristica do ser humano, em buscar a paz e não fazer a paz, a paz vem de cada um, do esforço individual. De nosso medo de dar cara à tapa, preferimos ficar recolhidos, em nosso sossego, do que ir à frente e fazer história. Essa e paz que vc quer? Não, não é a paz que eu quero! Você acha que devemos nos entregar a violência e se fazer preso em sua propria casa, e deixar o bandido nas ruas? Ou prefere ficar em casa sossegado no domingo em quanto o mundo corre? vc prefere ficar vendo TV (video coagido)? A musica busca uma tomada de consciência por parte de todos nós, em buscar meios de paz universal (Comentário by Joel neto — 18 de outubro de 2010)

6.“me abrace e me dê um beijo
faça um filho comigo
mas não me deixe sentar
na poltrona no dia de domingo”
Eu acho que nessa parte ele quis falar sobre a classe mais baixa do Brasil ou talvez do mundo mesmo, onde é comum se fazer filho pela falta de fazer outra coisa. (Comentário by Daniel — 12 de agosto de 2010)

7.“a minha alma está armada
e apontada para a cara
do sossego (sego)
pois paz sem voz
não é paz é medo (medo)”
Como a letra em si já foi analisada, gostaria de ressaltar o eco na parte do “sossego” e “medo”, revelando-nos o paradoxo existente, ou seja, afirmando que não podem coexistirem sossego e medo. (Comentário by Jonas — 20 de março de 2010 )

8.Não acho q ele trate especificamente da responsabilidade de se fazer um filho, acho q ele fala pra sacudi-lo, pra trazer ele pra realidade, pra fazer alguma coisa, qualquer coisa que não o faça ficar diante da péssima programação de domingo, que bestifica as pessoas e as deixam tapadas e ignorantes, iludidas por uma falsa paz e acomodados.


Filho é bom, mas na hora certa, geralmente a gnt evita, mas ele prefere fazer um filho que ficar paralizado numa poltrono se enquadrando nesse molde pré-fixados. (Comentário by Angel — 14 de fevereiro de 2010)

 9.“a minha alma está armada
e apontada para a cara
do sossego (sego)
pois paz sem voz
não é paz é medo (medo)”
Trecho acima ele indica que ele reclama se tiver que reclamar porque se você não reclamar não quer dizer que você quer a paz, e sim tem medo de brigar pelos seus direitos.


“às vezes eu falo com a vida
às vezes é ela quem diz
qual a paz que eu não quero
conservar
para tentar ser feliz”
Ele pensa o que ele tem que brigar pra mudar pra poder ser feliz


“as grades do condomínio
são para trazer proteção
mas também trazem a dúvida
se não é você que está nessa prisão”
Ele diz que você está se protegendo do perigo ou o perigo está te prendendo


“me abrace e me dê um beijo
faça um filho comigo
mas não me deixe sentar
na poltrona no dia de domingo
procurando novas drogas
de aluguel nesse vídeo
coagido pela paz
que eu não quero
seguir admitindo”
nesse trecho ele afirma que não quer estar em casa assistindo uma televisão que passa informações coagidas para que você siga um mundo que não quer. (Att. Rafael Soares - RafaelSoarescool@gmail.com)


“O único lugar que o sucesso vem antes do trabalho e no dicionário”. Albert Eisntein. (Comentário by Rafael — 11 de fevereiro de 2010 )

10.E claro para mim pelo menos que eh sobre a falsa paz, a paz que ele nao quer e a paz que acompnha as pessoas que preferem ignorar a realidade e assistir as coisas por de tras de grades de janelas, janelas de carros blindados e outros requisitos para a proteção hj em dia.


E a paz sem voz, tipica de quem nao quer se envolver, nao quer tomar partido, numa atitude blaze. Tipica do homem urbano que esta anestesiado de tanto ser bombardeado por noticias ruins todos os dias.


Ele usa figuras faceis, como a arma que esta apontada para a cara do sossego… a arma significa a violencia urbana, ele seria como um soldado, nem a serviço da lei e nem do trafico ou da violencia… um soldado a serviço da verdade, nua e crua.


As grades do condominio, que são projetadas para proteger quem esta dentro trazem a duvida, pq vc fica preso e inerte enquanto as coisas acontecem indiferentes a sua indiferença.


E fala da responsa de se botar um filho no mundo com essa loucura… deixar que o mundo, as mas companhias o eduquem enquanto vc esta ligado na programação da tv aberta… que e uma droga! (Comentário by Ly — 22 de outubro de 2009)

Na minha interpretação, a música faz uma crítica ao comodismo da sociedade frente aos acontecimentos políticos, econômicos e sociais que o país apresenta...

Dizemos estar seguros nas nossas casas cheias de grades, com nossos carros, nosso cartão de crédito, vamos nos aprisionando, garantindo apenas o que está dentro das nossas casas, sem se importar com o social. Exigimos o fim da violência, mas não tomamos atitudes para buscar a paz...(..."é pela paz que eu não quero seguir admitindo")
Daria p/ ficar um tempão aqui falando...
Veja realmente o clipe...é muito bom. (http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20071003090149AA235yG).




texto nº 2: Calice
Chico Buarque

Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue

Como beber dessa bebida amarga
Tragar a dor, engolir a labuta
Mesmo calada a boca, resta o peito
Silêncio na cidade não se escuta
De que me vale ser filho da santa
Melhor seria ser filho da outra
Outra realidade menos morta
Tanta mentira, tanta força bruta
(refrão)
Como é difícil acordar calado
Se na calada da noite eu me dano
Quero lançar um grito desumano
Que é uma maneira de ser escutado
Esse silêncio todo me atordoa
Atordoado eu permaneço atento
Na arquibancada pra a qualquer momento
Ver emergir o monstro da lagoa
(refrão)
De muito gorda a porca já não anda
De muito usada a faca já não corta
Como é difícil, pai, abrir a porta
Essa palavra presa na garganta
Esse pileque homérico no mundo
De que adianta ter boa vontade
Mesmo calado o peito, resta a cuca
Dos bêbados do centro da cidade
(refrão)
Talvez o mundo não seja pequeno
Nem seja a vida um fato consumado
Quero inventar o meu próprio pecado
Quero morrer do meu próprio veneno
Quero perder de vez tua cabeça
Minha cabeça perder teu juízo
Quero cheirar fumaça de óleo diesel
Me embriagar até que alguem me esqueça


COMENTÁRIOS ACERCA DA LETRA DA MÚSICA DE CHICO BUARQUE DE HOLANDA

1. Chico e Gil utilizam da ambiguidade da nossa lingua para chamar o povo daquela época para lutarem contra a repressão.
(Pai, afasta de mim esse cálice)
Ou seja, afasta de mim o silêncio do povo, o medo contra a ditadura que as pessoas tinham.
como dizia o Martin Luter King: “Eu não tenho medo dos maus, eu tenho medo do silêncio dos bons”.

2. “Cálice” nos mostra em metáforas, características da época em que a ditadura imperava no Brasil. Dentre estas metáforas, podemos pegar como exemplo o próprio título. A pronúncia da palavra “Cálice” nos remete à uma ambigüidade em relação à palavra “Cale-se”, o que caracteriza bem a censura do período ditatorial.

Mas as mensagens subliminares e metáforas não são encontradas apenas na palavra cálice se pararmos para analisar minuciosamente vamos encontrar em todos as frases duplo sentidos e criticas do período de ditadura. (Comentário by Thais — 25 de novembro de 2010).

3.“Cálice” uma das músicas mais panfletárias do Chico Buarque, somando-se o fato dele ter como parceiro a genialidade do Gil, fizeram uma grande obra. A análise é extensa por conta de que todos os versos vêm imbuídos de metáforas usadas para contar o drama da tortura no Brasil no período da ditadura militar.
(Pai, afasta de mim esse cálice)
Sintetiza uma súplica por algo que se deseja ver à distância. Boa parte da música faz uma analogia entre a Paixão de Cristo e o sofrimento vivido pela população aterrorizada com o regime autoritário. O refrão faz uma alusão à agonia de Jesus no calvário, mas a ambigüidade da palavra “cálice” em relação ao imperativo “cale-se”, remete à atuação da censura.
(De vinho tinto de sangue)
O “cálice” é um objeto que contém algo em seu interior. Na Bíblia esse conteúdo é o sangue de Cristo, na música é o sangue derramado pelas vítimas da repressão e torturas.
Como beber dessa bebida amarga)
A metáfora do verso remete à dificuldade de aceitar um quadro social em que as pessoas eram subjugadas de forma desumana.
(Tragar a dor, engolir a labuta)
Significa a imposição de ter que agüentar a dor e aceitá-la como algo banal e corriqueiro. “Engolir a labuta” significa ter que aceitar uma condição de trabalho subumana de forma natural e passiva.
(Mesmo calada a boca, resta o peito)
Os poetas afirmam que mesmo a pessoa tendo a sua liberdade de pronunciar-se cerceada, ainda lhe resta o seu desejo, escondido e inviolável dentro do seu peito.
(Silêncio na cidade não se escuta)
O silêncio está metaforicamente relacionado à censura, que, desta forma, é entendida como uma quimera, um absurdo inexistente, porque, na medida em que o silêncio não se escuta, o silêncio não existe.
(De que me vale ser filho da santa / Melhor seria ser filho da outra)
Não fugindo à temática da religião, Chico e Gil usam de metáforas para mostrar suas descrenças naquele regime político e rebaixam a figura da “pátria mãe” à condição inferior a de uma “puta”, termo que fica subentendido na palavra “outra”.
(Outra realidade menos morta)
Seria uma outra realidade, na qual os homens não tivessem sua individualidade e seus direitos anulados.
(Tanta mentira, tanta força bruta)
O regime militar propagandeava que o país vivia um “milagre econômico” e todos eram obrigados a aceitar essa realidade como uma verdade absoluta.
(Como é difícil acordar calado / se na calada da noite eu me dano)
O eu-lírico admite a dificuldade de aceitar passivamente as imposições do regime, principalmente diante das torturas e pressões que eram realizadas à noite. Tudo era tão reprimido que necessitava ser feito às escondidas, de forma clandestina.
(Quero lançar um grito desumano / que é uma maneira de ser escutado)
Talvez porque ninguém escutasse as mensagens lançadas por vias pacíficas e ordeiras, uma das possibilidades, por conta de tanto desespero, seria partir para o confronto.
(Esse silêncio todo me atordoa)
Esse verso denuncia os métodos de torturas e repressão, utilizados para conseguir o silêncio das vítimas, fazendo-as perderem os sentidos.
(Atordoado, eu permaneço atento)
Mesmo atordoado o eu-lírico permanece atento, em estado de alerta para o fim dessa conjuntura, como se estivesse esperando um espetáculo que estaria por vir.
(Na arquibancada, pra a qualquer momento ver emergir o monstro da lagoa)
Entretanto, o espetáculo pode ser, ironicamente, somente o surgimento de mais um mecanismo de imposição de poder do regime, representado pelo monstro da lagoa.
(De muito gorda a porca já não anda)
Essa “porca” refere-se ao sistema ditatorial, que, de tão corrupto e ineficiente, já não funcionava. O porco também é um símbolo da gula, que está entre os sete pecados capitais, retomando a temática de religiosidade e elementos católicos.
(De muito usada a faca já não corta)
Demonstra inoperância, ou seja, mostra o desgaste de uma ferramenta política utilizada à exaustão.
(Como é difícil, pai, abrir a porta)
É expresso o apelo para que sejam diminuídas as dificuldades, mas ao mesmo tempo apresenta a tarefa como sendo muito difícil. A porta representa a saída de um contexto violento. Biblicamente, sinaliza um novo tempo.
(Essa palavra presa na garganta)
É a dificuldade para encontrar a liberdade, a livre expressão. É o desejo de falar, contar e descrever a todos a repressão que está sendo imposta.
(Esse pileque homérico no mundo)
Refere-se ao desejo de liberdade contido no peito de cada cidadão dos países vivendo sob os vários regimes autoritários existentes no mundo.
(De que adianta ter boa vontade)
É um autoquestionamento sobre a ânsia de lutar pela liberdade, uma vez que o mundo estava ao avesso. Refere-se a uma frase bíblica: “paz na terra aos homens de boa vontade”.
(Mesmo calado o peito resta a cuca dos bêbados do centro da cidade)
Mesmo sem liberdade o homem não perde a mente e pode continuar pensando.
(Talvez o mundo não seja pequeno nem seja a vida um fato consumado)
A partir deste verso o eu-lírico sugere a possibilidade de a realidade vir a ser diferente, renovando suas esperanças.
(Quero inventar o meu próprio pecado)
Expressa a vontade de libertar-se da imposição do erro por outros para recriar suas próprias regras e definir por si só, quais são seus erros, sem que outros o apontem. Tem o significado de estar fora da lei. O verbo aproxima-se do desejo urgente e real de liberdade.
(Quero morrer do meu próprio veneno)
Neste verso está implícito que ele deseja ser punido pelos erros que ele vier a praticar seguindo o seu livre-arbítrio, e não, tendo seu desejo cerceado, punido por erros que o sistema acha que ele poderá vir a cometer.
(Quero perder de vez tua cabeça / minha cabeça perder teu juízo)
Traz a idéia de que o eu-lírico deseja ter seu próprio juízo e não o do poder repressor. Quer decapitar a cabeça da ditadura e libertar-se do juízo imposto por ela, para ser dono de suas próprias idéias.
(Quero cheirar fumaça de óleo diesel / me embriagar até que alguém em esqueça)
Para encerrar, Chico e Gil usaram uma imagem forte das táticas de tortura. Para fazer com que os subjugados perdessem a noção da realidade, dentro da sala os repressores queimavam óleo diesel, cuja fumaça deixava-os embriagados. Entretanto, os subjugados também possuíam táticas antitortura, e uma das artimanhas era justamente fingir-se desmaiado, pois, enquanto nesta condição, não eram molestados pelos torturadores. (Comentário by Jean Carlo Miranda da Silva — 15 de novembro de 2010 ).

texto nº 3: ACARNE



A carne mais barata do mercado é a carne negra 5x
Que vai de graça pro presídio
E para debaixo de plástico
Que vai de graça pro subemprego
E pros hospitais psiquiátricos

A carne mais barata do mercado é a carne negra (5x)

Que fez e faz história
Segurando esse país no braço
O cabra aqui não se sente revoltado
Porque o revólver já está engatilhado
E o vingador é lento
Mas muito bem intencionado
E esse país
Vai deixando todo mundo preto
E o cabelo esticado

Mas mesmo assim
Ainda guardo o direito
De algum antepassado da cor
Brigar sutilmente por respeito
Brigar bravamente por respeito
Brigar por justiça e por respeito
De algum antepassado da cor
Brigar, brigar, brigar

A carne mais barata do mercado é a carne negra (5x)

Estas obras ( música e filme: Quanto Vale ou é Por Quilo?, 2005, direção: Sérgio Bianchi, roteiro: Sabrina Anzuapegui (roteiro), Eduardo Benain (roteiro), Sérgio Bianchi (roteiro), Newton Cannito (roteiro), Nireu Cavalcanti (crônicas),Machado de Assis (conto), Iná Camargo Costa (roteiro) Gênero: Drama Origem: Brasil Duração: 104 minutos Tipo: Longa-metragem) mostram claramente a sociedade desigual em que vivemos onde os jovens negros são vítimas do genocídio, da exclusão social ocupando os subempregos e os complexos presidiários e psiquiátricos deste país.

Este tema é muito viável para trabalhamos á auto extima de adolescentes e jovens,mostrando a estes quais os verdadeiros motivos da violência e do tráfico de drogas no Brasil, no qual são fatores que são condicionados "a exclusão social".

NOTA: A CRÍTICA ABAIXO - RESENHA CRÍTICA PERTENCE TAMBÉM AO GÊNERO DE ARGUMENTAR 



NOTA:Quanto Vale ou É Por Quilo? mostra a realidade da população negra no sistema capitalista ocidental,considerado um produto de mercado,Esse filme desenha um painel de duas épocas aparentemente distintas, mas, no fundo, semelhantes na manutenção de uma perversa dinâmica sócio-econômica, embalada pela corrupção impune, pela violência e pelas enormes diferenças sociais. No século XVIII, época da escravidão explícita, os capitães do mato caçavam negros para vendê-los aos senhores de terra com um único objetivo: o lucro. Nos dias atuais, o chamado Terceiro Setor explora a miséria, preenchendo a ausência do Estado em atividades assistenciais, que na verdade também são fontes de muito lucro.Mostra o verdadeiro lugar em que a Lei Áurea,"ABOLIÇÃO" da escravatura colocou a população negra do Brasil. Com humor afinado e um elenco poucas vezes reunido pelo cinema nacional, Quanto Vale ou É Por Quilo? Mostra que o tempo passa e nada muda. O Brasil é um país em permanente crise de valores. (http://unebpedagogia2010vespertino.blogspot.com/2010/08/equipe-tereza-cristina-santos-osvaldo-e.html)


2. bom, sou militante do movimento negro e hip hop... apoio o movimento GLBT, os comunistas de porta de fabrica, e movimento estudantil!

sou branco, não sou homosexual, nem operário e ja terminei meus estudos...
adorei sua colocação, e concordo que as vezes da pra sentir vergonha da pele clara sim, mais o importante e lutar por igualdade e nossos direitos!
creio que não existira igualdade com um país preconceituoso de merda!
enfim, á luta, á voz!(10kdu - http://www.youtube.com/watch?v=oKeg7XPxLU4)


RESENHAS CRÍTICAS

sexta-feira, 1 de abril de 2011

ARTIGOS DE OPINIÃO - RECADOS DE ABRIL 2011 PARA O 3°s ANOS DO JC


Tiririca emprega na Câmara dois amigos humoristas


Habituado a produzir chistes na TV, o deputado-palhaço Tiririca (PR-SP) decidiu fazer graça também em Brasília. Pendurou na folha de salários da Câmara dois colegas de profissão: os humoristas José Américo Niccolino e Ivan Oliveira.
Deve-se a revelação ao repórter Leandro Cólon. Ele conta que a dupla recebe o maior salário do gabinete. Coisa de R$ 8 mil, com gratificações.
Levam sobre os trabalhadores convencionais uma vantagem: os contracheques lhes chegam sem o inconveniente do derramamento de suor.
Atrações do programa “A Praça é Nossa”, Niccolino e Oliveira residem em São Paulo. E Tiririca não possui escritório na cidade.
Ouvido, Niccolini justificou as contratações –a sua e a do amigo— com um par de frases:


“A gente é bom para dar ideias”, disse. “Ele (Tiririca) escolheu a gente porque ajudamos na campanha, só por isso. Acredita que podemos dar boas ideias”.


Atribuiu-se a Niccolini e a Oliveira a autoria dos bordões que Tiririca recitou na propaganda eleitoral de 2010.


“Vote no Tiririca, pior do que está não fica", eis um deles.


"O que é que faz um deputado federal? Na realidade, não sei. Mas vote em mim que eu te conto", eis o outro.
Devagarzinho, Tiririca vai descobrindo o que faz um deputado. Em muitos casos, faz-se na Câmara o mesmo que ele fazia antes: palhaçada!
A dferença é que, quando urdida no escurinho de Brasília, longe dos holofotes, a graça de poucos converte-se em desgraça de muitos.
Financiadora da bilheteria, a plateia costuma ficar tiririca da vida sempre que é assaltada (ôps!) pela sensação de que, no circo brasiliense, pior do que está sempre fica.
Escrito por Josias de Souza às 06h42, em 01/04/2011 - acesso em 01 de abril/ publicado em http://josiasdesouza.folha.blog.uol.com.br/arch2011-04-01_2011-04-30.html

DROGAS NA ADOLESCÊNCIA

Por: WAGNER PAULON
Data: 11/07/08

Não é um fenômeno único e isolado, o fato do grande aumento do uso de drogas entre os adolescentes, durante a década passada, no Brasil, Estados Unidos e em outros países. Acreditava-se que, na década de 60 os jovens passaram a consumir mais drogas com o advento da cultura e essa crença limitava-se somente aos jovens. Tal crença é uma ilusão e só pode obstruir as tentativas de se colocar o problema em perspectiva dequada.

O emprego e abuso propagado de drogas não se restringem aos adolescentes e não começou com o advento da cultura jovem dos anos 60, como qualquer um que tinha 20 anos na década de 20 pode atestar.

Conquanto possa haver diferenças significativas entre as gerações no que concerne aos seus padrões de uso de drogas, a sociedade mais ampla, da qual os adolescentes são uma parte, vem-se desenvolvendo como uma "cultura da droga" há muitos anos. Por exemplo, de um quarto a um terço de todas as prescrições médicas atualmente feitas no Brasil, Estados são para estimulantes ou comprimidos para regime (anfetaminas) ou tranqüilizantes. Entre 1964 e 1977, as receitas de Valium e Librium, os dois tranqüilizantes mais usados, aumentou de 40 para 73 milhões por ano, só nos Estados Unidos.

Revistas, jornais, rádios, televisões bombardeiam as pessoas com mensagens insistentes de que o alívio para quase tudo - ansiedade, depressão, excitamento - depende "exatamente de engolir mais um comprimido". Nas palavras de um garoto de 13 anos: "Espera-se que nós não tomemos drogas, mas a TV está cheia de comerciais mostrando pessoas correndo para obter seus comprimidos porque alguma coisa as incomoda". Os adolescentes que adotaram essa maneira de ver como a vida deve ser conduzida podem apenas estar refletindo modelos sociais e paternos.

Através de pesquisas têm se mostrado que, os jovens cujos pais fazem uso significativo de drogas como álcool, tranqüilizantes, fumo, sedativos e anfetaminas são mais inclinados que os outros adolescentes a usar maconha, álcool e outras drogas. Como me disse um garoto de 15 anos: "Em minha casa, não se pode espirrar sem tomar algum comprimido. Minha mãe está sempre tomando alguma coisa para dor de cabeça, e meu pai para ficar acordado a fim de trabalhar à noite. Eles não são alcoólatras, mas certamente bebem muito. Assim sendo, sou algum criminoso por fumar maconha?”.

Embora muitos adolescentes estejam se tornando dependentes de drogas de alto risco, a maioria não está. Apesar das predições lúgubres do fim dos anos 60 de que estávamos na iminência de uma "epidemia" de uso de drogas entre adolescentes, nada disso realmente aconteceu. O uso da maconha, álcool e fumo está disseminado entre os jovens; mas o uso das drogas da "contracultura", como o LSD e outras substâncias, inalantes (cheirar cola), estimulantes (anfetaminas) e calmantes (barbitúricos) e produtos que ingressaram mais recentemente no campo das drogas da juventude, como heroína, cocaína, PCP ("pó de anjo"), quaaludes etc., não tem sido detectado senão em uma de cada cinco pessoas nos Brasil, (e o índice geralmente é menor em outros países ocidentais). Muitos dentre os antigos consumidores ocasionais abandonaram tais drogas sem as substituir por outras.
Não podemos tapar o sol com peneira, não há lugar para complacência. Embora seja certo afirmar, por exemplo, que "apenas" de 3% a 5% dos estudantes de nível colegial no Brasil, já experimentou maconha, isso significa mais de um milhão de jovens. Além disso, o uso de drogas "tradicionais" (isto é, de adultos), sobretudo o álcool, tem aumentado nos últimos anos, mais notavelmente entre os adolescentes mais jovens. ( http://www.soartigos.com/artigo/458/DROGAS-NA-ADOLESCENCIA/ - Acesso em 01 de abril de 2011)



Reação a Bolsonaro mostra o Brasil cansado da infâmia
Por Hamilton Octavio de Souza
30/03/2011

O Deputado Bolsonaro todo mundo conhece. É quadro da direita mais atrasada do Brasil, o sujeito que ainda acredita na truculência da Ditadura Militar, na truculência da polícia contra pobres e negros, na truculência dos pais na criação dos filhos. Está fora da realidade e do projeto de construção de um mundo melhor.
Há muito tempo que o Deputado Bolsonaro escandaliza o Brasil. Já fez discursos defendendo a volta do regime militar, ataca sistematicamente os direitos humanos, é contra a Comissão da Verdade, vive posando de macho polemista nos programas de TV e rádio que especulam e sensacionalizam as causas LGBT, das mulheres, dos negros e dos pobres em geral.
Ele segue a política do bate-bate, numa época em que boa parte da humanidade tenta vencer a guerra, os regimes ditatoriais, os métodos mediáveis, o obscurantismo e a ignorância. Tentamos, todos nós, entrar na era do politicamente correto, no tratamento correto das questões ambientais, das questões de gênero, das questões de orientação sexual. Queremos superar os traumas preconceituosos produzidos pelas religiões, pela estrutura familiar antiquada e pela sociedade fascista, e pelos interesses econômicos quando predominam sobre as relações humanas.
A última fala do Deputado Bolsonaro, no CQC, causou imediata reação da sociedade. Principalmente a juventude (ainda bem!) ficou revoltada com a discriminação manifestada em concessão pública de radiodifusão. Muita gente, desta vez, incorporou o nível de tolerância zero para demonstrar indignação com o desrespeito público do parlamentar.
O que ele falou, diferentemente do que a mídia costuma induzir como brincadeira e piada não colaram como algo engraçado, cônico, divertido. Ao contrário, a fala inadequada do Deputado Bolsonaro foi imediatamente interpretada como uma ofensa ao conjunto da sociedade, ainda mais de uma sociedade que tenta assumir a sua maioria negra, parda, mestiça, multirracial – como sendo uma virtude a ser festejada na face do Planeta.
Se o programa de TV e o medieval Deputado Bolsonaro imaginaram produzir algum tipo de humor televisivo e marqueteiro, caíram do cavalo, pois no entendimento de muitos, o que aconteceu não pode ser jogado na vala comum do humor, já que prevalece o sentimento-consciência de que esse tipo de manifestação não pode mais ser aceito – sob pretexto algum.
As pessoas se encheram das piadas contra pobres, negros, trabalhadores, gays, lésbicas – e todos aqueles cidadãos e cidadãs que lutam para um tratamento igual e afirmativo na nossa sociedade, não abrem sorrisos para manifestações preconceituosas. Isso é evidente, e está cada vez mais ficando claro. Os meios de comunicação precisam colocar os seus sensores no povo, para perceber que essas manifestações como a do Deputado Bolsonaro não têm mais – felizmente – respaldo social.
Que o referido deputado seja devidamente acionado pelo Ministério Público, seja punido por seu partido (PP-RJ) e seja duplamente punido na Câmara dos Deputados. Que aprenda, de uma vez por todas, a respeitar o povo brasileiro. (Hamilton Octavio de Souza é jornalista e professor da PUC-SP. publicado em 30/03/2011, em
http://carosamigos.terra.com.br/index/index.php/artigos-e-debates/1545-reacao-a-bolsonaro-mostra-o-brasil-cansado-da-infamia acesso em 01/04/2011)

NOTA: Confira a carta Manifesto para o abaixo-assinado contra Jair Bolsonaro
http://carosamigos.terra.com.br/index/index.php/direto-dos-movimentos/1548-carta-manifesto-contra-jair-bolsonaro


É verdade que usamos apenas 10% de nosso cérebro?

Segundo neurologista, usamos muito do nosso cérebro em todas as atividades
Angela Joenck Cayres Pinto


A antiga teoria de que usamos apenas 10% do nosso cérebro se perpetuou ao longo do tempo e, por vezes, é atribuída a Albert Einstein. "Ele nunca disse isso", afirma o neurologista e professor da Pontífica Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), André Palmini.

Na realidade, a origem deste mito está no trabalho do psicólogo americano William James, que em 1908 escreveu: "nós estamos fazendo uso apenas de uma pequena parte do nosso potencial mental e físico". A ideia foi corroborada pelo cientista Karl Lashley, que nas décadas de 1920 e 1930 retirou partes do córtex cerebral de ratos e verificou que eles conseguiam reaprender algumas tarefas.

O avanço da ciência, porém, colocou por terra tais especulações. "Isso vem de uma época que se conhecia muito pouco sobre como investigar o funcionamento do cérebro", diz Palmini. "A capacidade de estudar o cérebro mais profundamente é uma coisa dos últimos 20 ou 30 anos, e isso começou a melhorar a partir da nossa capacidade de fazer exames de imagem, especialmente os exames de chamados 'funcionais', onde conseguimos ver o órgão em funcionamento", explica.

O neurologista cita a ressonância magnética funcional como a melhor forma de investigação, por permitir ver quais áreas do cérebro estão ativas quando estamos fazendo ou pensando em qualquer coisa. "Aí tu consegues investigar áreas envolvidas com linguagem, tomada de decisões, julgamento moral, raciocínio abstrato, leitura, entre outras atividades", aponta o professor.

Outra teoria derrubada pela ciência foi a de que certos povos asiáticos usariam mais o cérebro, devido à maior complexidade de linguagem e uma suposta facilidade para a matemática. "Diziam que o idioma deles usava ideogramas, e que isso envolveria mais áreas do cérebro, e por isso eles usariam mais. E isso é uma barbaridade. O que foi se descobrindo, em termos de histologia, de como as células se comunicam, depois sobre como as sinapses funcionam é que nos mostrou um quadro mais real do uso do cérebro", diz o neurologista.

Segundo Palmini, cada neurônio consegue fazer 20 mil contatos com outros neurônios. "Isso a gente tem como quantificar. E ele também recebe 20 mil contatos de outras células. Então cada célula está envolvida com 40 mil outras, e se tu colocares 100 bilhões de células envolvidas com 40 mil outras, é uma análise combinatória que tende ao infinito, isso é verdade. Mas foi entendido que o cérebro teria muito mais capacidade do que a nossa mera vida humana utiliza pra crescer, pra ler e falar. É uma visão muito pueril", pondera.

O especialista cita estudos que tentam comparar crianças autistas e crianças não autistas. "É possível verificar que quando uma criança normal tem que entender a expressão facial de uma outra pessoa, isso envolve 'n' áreas cerebrais. Ou seja, o que se avançou no conhecimento foi descobrir que para coisas muito simples do nosso funcionamento diário, a gente precisa de uma integração muito grande do nosso cérebro, de diferentes áreas. E isso é suficiente pra se dizer que na realidade a gente usa muito do nosso cérebro para tudo que a gente faz", diz.

Outro exemplo usado pelo neurologista é o da interpretação de timbres de voz. "Pouca gente se dá conta, mas quando estamos chateados ou alegres, usamos diferentes tons, e a interpretação que fazemos da forma como nos comunicamos gera diferentes mensagens. Isso é de uma sutileza absurda, e esta sutileza exige muito processamento neural. E a gente sabe disso hoje", diz.

O cérebro, assim como outro órgão do nosso corpo, funciona com base em energia e está sujeito à lesões decorrentes de vários fatores que afetam o organismo. Segundo o especialista, drogas e álcool não matam apenas células cerebrais, mas também causam danos às células hepáticas, digestivas e diversas outras.

Hoje, é possível mostrar que danos cerebrais mínimos podem trazer graves consequências. "Os lóbulos frontais, ou a parte da frente do nosso cérebro, são considerados a área mais desenvolvida, ou 'humana', do órgão. Pequenas alterações nessa área já são responsáveis pelas pessoas terem uma série de peculiaridades. Por exemplo, a pessoa começa a não dizer as coisas na hora que tem que dizer, ou a ser um pouco inadequada no seu funcionamento social", afirma.

"Aquela ideia de que o cérebro tem muitas áreas de regeneração também não é bem assim. Na verdade, a gente usa muito do nosso cérebro para quase tudo que a gente faz. Dizer que só usamos 10% é tão absurdo quanto pensar que os outros 90% não são usados. Alguém consegue viver sem 90% de capacidade cerebral? Não", conclui Palmini. http://noticias.terra.com.br/educacao/vocesabia/noticias/0,,OI5041943-EI8399,00-E+verdade+que+usamos+apenas+de+nosso+cerebro.html - ACESSO DIA 03 DE ABRIL DE 2011.