sábado, 8 de outubro de 2011

I GINCANA LITERÁRIA JC 2011


SUGESTÃO DE LEITURA DE LIVROS


Iracema

ENREDO — Por tópicos


1 A partida (Martim, Japi e Moacir)
"onde vai a afouta jangada, que deixa rápida a costa cearense, aberta ao fresco terral a grande vela?"



2 O encontro (Martim e Iracema)
"Rumos suspeito quebra a doce harmonia da sesta. Ergue a virgem os olhos, que o sol não deslumbra; sua vista perturba-se.


Diante dela e todo a contemplá-la, está um guerreiro estranho, se é guerreiro e não algum mau espírito da floresta. Tem nas faces o branco das areias que bordam o mar, nos olhos o azul triste das águas profundas. Ignotas armas e tecidos ignotos cobrem-lhe o corpo. Foi rápido, como o olhar, o gesto de Iracema. A flecha partiu. Gotas de sangue borbulham na face do desconhecido.


De primeiro ímpeto, a mão lesta caiu sobre a cruz da espada; mas sorriu. O moço guerreiro aprendeu na religião de sua mãe, onde a mulher é símbolo de ternura e amor. Sofreu mais d'alma que da ferida.


O sentimento que ele pôs nos olhos e no rosto, não o sei eu. Porém a virgem lançou de si o arco e correu para o guerreiro, sentida da mágoa que causara. A mão que rápida ferira, estancou mais rápida e compassiva o sangue que gotejava. Depois Iracema quebrou a flecha homicida; deu a haste ao desconhecido, guardando consigo a ponta farpada. O Guerreiro falou:


— Quebras comigo a flecha da paz?"


3 Martim, hóspede de Araquém
•Importante: tema da hospedagem;


•regras rigorosas;


•respeito absoluto a elas.


4 Relação amorosa
•Vestal - religiosidade;


◦"Estrangeiro, Iracema não pode ser tua serva. É ela que guarda o segredo de jurema e o mistério do sonho. Sua mão fabrica para o Pajé a bebida de Tupã."



•Apaixona-se por Martim;


•Envolve e seduz o guerreiro branco.


5 Ciúme de Irapuã
•Apaixonado por Iracema;


•Ódio por Martim;


•Desejo de vingança;


•Obrigado a respeitar a hospitalidade de Araquém.


"— Nunca Iracema daria seu seio, que o espírito de Tupã habita só, ao guerreiro mais vil dos guerreiros tabajaras! Torpe é o morcego porque foge da luz e bebe o sangue da vítima adormecida!...


— Filha de Araquém, não assanha o jaguar! O nome de Irapuã voa mais longe que o goaná do lago, quando sente a chuva além das serras. Que o guerreiro branco venha, e o seio de Iracema se abra para o vencedor.


— O guerreiro branco é hóspede de Araquém. A paz o trouxe aos campos do Ipu, a paz o guarda. Quem ofender o estrangeiro ofende o Pajé."


6 Confrontos
a) Martim X Irapuã



•Aldeia tabajara: ambiente de revolta;


•Martim foge, ajudado por Caubi;


•Irapuã persegue e intercepta o fugitivo;


•Caubi intercede.



b) Tabajaras X Pitiguaras


•Irapuã retira-se


7 Guerra
•Tapuitingas + Irapuâ X pitiguaras;


•Jacaúna chama Poti e Martim;


•Martim parte para a guerra.


8 Abandono de Iracema
"[...] Poti refletiu:


— As lágrimas da mulher amolecem o coração do guerreiro, como o orvalho da manhã amolece a terra.


— Meu irmão é grande sabedor. O esposo deve partir sem ver Iracema.


O cristão avançou. Poti mandou-lhe que apressasse: da alijava de setas que Iracema emplumara de penas vermelhas e pretas e suspendera aos ombros do esposo, tirou uma.


O chefe potiguara vibrou o arco; a seta rápida atravessou um goiamum que discorria pelas margens do lago; só parou onde a pluma não a deixou mais entrar.


Fincou o guerreiro no chão a flecha, com a presa atravessada, e tornou para Coatiabo.


— Podes partir. Iracema seguirá teu rasto; chegando aqui, verá tua seta, e obedecerá à tua vontade. Martim sorriu; e quebrando um ramo do maracujá, a flor da lembrança, [...]


— Ele manda que Iracema ande pra trás, como o goiamum, e guarde sua lembrança, como o maracujá guarda sua flor todo o tempo até morrer.


A filha dos tabajaras retraiu os passos lentamente, sem volver o corpo, nem tirar os olhos da seta de seu esposo; depois tornou à cabana. Ali sentada à soleira, com a fronte nos joelhos esperou, até que o sono acalentou a dor de seu peito."


9 Volta de Martim
•Nascimento de Moacir


•Sofrimento e morte de Iracema


•Martim enterra Iracema


"— Recebe o filho de teu sangue. Era tempo; meus seios ingratos já não tinham alimento para dar-lhe! Pousando a criança nos braços paternos; a desventurada mãe desfaleceu [...] O esposo viu então como a dor tinha consumido seu belo corpo; mas a formosura ainda morava nela [...]


Enterra o corpo de tua esposa ao pé do coqueiro que tu amavas. Quando o vento do mar soprar nas folhas, Iracema pensará que é a tua voz que fala entre seus cabelos.


O doce lábio umedeceu para sempre; o último lampejo despediu-se dos olhos baços.


Poti amparou o irmão na grande dor. Martim sentiu quanto um amigo verdadeiro é preciosos na desventura


[...]


O camucim que recebeu o corpo de Iracema, embebido de resinas odoríferas, foi enterrado ao pé do coqueiro, à borda do rio. Martim quebrou um ramo de murta, a folha da tristeza, e deitou-o no jazido de sua esposa. A jandaia pousada no olho da palmeira repetia tristemente: - Iracema!"


10 Canto da Jandaia e nascimento do Ceará

"Desde então os guerreiros potiguaras que passavam perto da cabana abandonada e ouviam ressoar a voz plangente da ave amiga, afastavam-se com a alma cheia de tristeza, do coqueiro onde cantava a jandaia. E foi assim que um dia veio a chamar-se Ceará o rio onde crescia o coqueiro, e os campos onde serpeja o rio."


11 Quatro anos depois...
•Martim volta com o filho e um padre;


•Encontro com Poti;


•Conversão de Poti: batizado católico;


•Martim, Camarão e Albuquerque partem para Mearim: expulsão do branco tapuia.


"Poti foi o primeiro que ajoelhou aos pés do sagrado lenho; não sofria ele que nada mais o separasse de seu irmão branco. Deviam ter ambos um só deus, como tinham um só coração.


Ele recebeu com batismo o nome do santo, cujo era o dia; e o do rei, a quem ia servir, e sobre is dois o seu, na língua dos novos irmãos. Sua fama cresceu e ainda hoje é o orgulho da terra, onde ele primeiro viu a luz. [...]


Jacaúna veio habitar nos campos da Porangaba pra estar perto de seu amigo branco; Camarão erguera a taba de seus guerreiros nas margens da Macejana.


Era sempre com emoção que o esposo de Iracema revia as plagas onde fora tão feliz, e as verdes folhas a cuja sombra dormia a formosa tabajara.


Muitas vezes ia sentar-se naquelas doces areias, para cismar e acalentar no peito a agra saudade.


A janela cantava ainda no olho do coqueiro; mas não repetia já o mavioso nome de Iracema.


Tudo passa sobre a terra."
(Fonte: Aula em vídeo da Unicamp - http://pre-vestibular.arteblog.com.br/30119/IRACEMA-Topicos-Resumo-e-Exercicios/)


BREVE RESUMO


Texto de Gizelda Nogueira para o Centro Universitário Barão de Mauá


Dedicatória:
“À Terra Natal - um filho ausente”.


No prólogo da primeira edição, o autor afirma:


“O livro é cearense. Foi imaginado aí, na limpidez desse céu de cristalino azul, e depois vazado no coração cheio de recordações vivazes de uma imaginação virgem. Escrevi-o para ser lido lá, na varanda da casa rústica ou na fresca sombra do pomar, ao doce embalo da rede, entre os murmúrios do vento que crepita na areia ou farfalha nas palmas dos coqueiros”.


Verdes mares bravios da minha terra natal, onde canta a jandaia nas frontes da carnaúba [...].


Verdes mares, que brilhais como líquida esmeralda aos raios do sol nascente, perlongando as alvas praias ensombradas de coqueiros [...]



Onde vai a afouta jangada, que deixa rápida a costa cearense, aberta ao fluxo terral a grande vela? [...]Três entes respiram sobre o frágil lenho que vai singrando veloce, mar em fora.



Um jovem guerreiro cuja tez branca não cora o sangue americano; uma criança e um rafeiro que viram a luz no berço da floresta, e brincam irmãos, filhos ambos da mesma terra selvagem [...].



O capítulo I apresenta a história que vai ser contada, mostrando seu caráter nacionalista e patriótico. É a proposição, onde o autor, numa linguagem excessivamente lírica introduz as personagens, e induz o leitor à construção da natureza, do índio e do enredo que os envolve com o elemento europeu.
A partir do segundo capítulo, a história toma corpo, quando Iracema, índia Tabajara, inadvertidamente, fere Martim, amigo e protegido dos pitiguaras.


Iracema apaixona-se pelo guerreiro branco e o conduz à tribo, onde Martim defronta-se com Irapuã, chefe que o desafia para um duelo, interrompido por Poti (amigo de Martim), que lidera os pitiguaras num grito de guerra.



Uma noite, Martim pede à Iracema o vinho de Tupã, já que não está conseguindo resistir aos encantos da virgem. O vinho, que provoca alucinações, permitiria que ele, em sua imaginação, possuísse a jovem índia como se fosse realidade. Iracema lhe dá a bebida e, enquanto ele imagina estar sonhando, Iracema “torna-se sua esposa”.



O valor alegórico dessa passagem no faz perceber que ao “possuir” Iracema, Martim está inconsciente. Esse gesto provocará a destruição da virgem, assim como a invasão do Brasil pelos portugueses provocará a destruição da floresta virgem americana. No entanto, assim como Martim não tinha qualquer intenção de provocar a morte de sua amada — o faz por paixão — os destruidores da natureza brasileira o fizeram de forma inconsciente e inconseqüente.
Martim e Iracema escondem-se nas entranhas da terra e amam-se, não obstante o compromisso da virgem vestal (por saber o segredo de jurema - a força da tribo Tabajara).



Os primitivos habitantes das Américas foram grandes detentores do conhecimento das plantas psicoativas empregadas na elaboração de suas bebidas rituais, tal como o vinho da jurema, à base da planta conhecida por jurema (Mimosahostilis Benth), hoje sacralizada nos sistemas de crença afro-brasileiros.



Martim é ameaçado pelo enciumado chefe guerreiro Irapuã, que quer invadir a cabana de Araquém e matá-lo. Apesar da advertência de Araquém de que Tupã puniria quem machucasse seu hóspede, os guerreiros de Irapuã cercam a cabana, que é protegida por Caubi.



É hora de o guerreiro branco partir ao encontro do amigo, Poti.


A tribo é, então, levada por Iracema até o bosque de jurema, onde os guerreiros adormecidos sonham com vitórias futuras, enquanto ela propicia a fuga de Martim e Poti. Ela não revela a Martim que havia se tornado sua esposa, enquanto o iniciava nos mistérios de jurema.



Irapuã persegue os fugitivos, travando-se um combate entre os tabajaras e os pitiguaras, liderados por Jacaúna. Iracema pede a Martim que não mate Caubi, seu irmão, e salva-lhe a vida duas vezes. Por fim os tabajaras, considerando-se vencidos, fogem e deixam Iracema triste e envergonhada.


Os três - Martim, Poti e Iracema - chegam ao território pitiguara, e seguem em visita ao avô de Poti, Batuirité, que denomina Martim de gavião branco e profetiza que os índios serão destruídos pelo homem branco.


Batuirité estava sentado sobre uma das lapas da cascata; o sol ardente caia sobre sua cabeça, nua de cabelos e cheia de rugas como o jenipapo. Assim dorme o jaburu na beira do lago.


- Poti é chegado à cabana do grande Maranguab, pai de jatobá, e trouxe seu irmão branco para ver o maior guerreiro das nações.


O velho soabriu as pesadas pálpebras, e passou do neto ao estrangeiro um olhar baço. Depois o peito arquejou e os lábios murmuraram:


- Tupã quis que esses olhos vissem antes de se apagarem, o gavião branco junto da narceja.


Iracema engravida. Ela e Poti pintam o corpo de Martim, que passa a ser chamado de Coatiabo, o guerreiro pintado. Este, entretanto, passa por crises de grande melancolia, motivadas por saudades da pátria. A força do amigo e o carinho da mulher amada não lhe bastam mais. Ele sente uma atração irresistível pelo horizonte sem fim que se lhe descortina pelo mar.


Poti, então, recebe um mensageiro de Jacaúna, trazendo a notícia de que os franceses haviam se aliado aos tabajaras e de que haveria guerra. Ele e Martim partem para a luta e Iracema fica no litoral, acompanhada de um galho de maracujá, a planta da lembrança, que lhe fora deixada por Martim.



Entristecida pela solidão recebe a visita da jandaia, uma ave que havia sido sua companheira, fora abandonada, e que volta a lhe fazer companhia.


- Iracema! Iracema!


Ergueu ela os olhos e viu entre as folhas da palmeira sua linda jandaia, que batia asas, e arrufava as penas com o prazer de vê-la.



A lembrança da pátria, apagada pelo amor, ressurgissem seu pensamento. Viu os formosos campos do Ipu, as encostas da serra onde nascera, a cabana de Araquém, e teve saudades; mas naquele instante, ainda não se arrependeu de os ter abandonado.


Solitária e saudosa, Iracema tem dificuldade para amamentar o filho e quase não come. Desfalece de tristeza. Martim fica longe de Iracema durante oito luas (oito meses) e, quando volta, encontra Iracema à beira da morte. Ela entrega o filho a Martim, deita-se na rede e morre, consumida pela dor. Poti e Martim enterram-na ao pé do coqueiro, à beira do rio. Segundo Poti: “quando o vento do mar soprar nas folhas, Iracema pensará que é tua voz que fala entre seus cabelos.”


O lugar onde viveram e o rio em que nascera o coqueiro vieram a ser chamados, um dia, pelo nome de Ceará.



Martim partiu das praias do Ceará levando o filho. Alencar comenta: “O primeiro cearense, ainda no berço, emigrava da terra da pátria. Havia aí a predestinação de uma raça?”


O guerreiro branco volta alguns anos depois, acompanhado de outros brancos, inclusive um sacerdote “para plantar a cruz na terra selvagem”.


Era sempre com emoção que o esposo de Iracema revia as plagas onde fora tão feliz, e as verdes folhas a cuja sombra dormia a formosa tabajara.


Muitas vezes ia sentar-se naquelas doces areias, para cismar e acalentar no peito a agra saudade.



A jandaia cantava ainda no olho do coqueiro; mas não repetia já o mavioso nome de Iracema.



Tudo passa sobre a terra.
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Câmara Cascudo, um nordestino sempre reverenciado pela expressão aguda de sentir os fenômenos culturais da região, referiu-se deste modo ao comentar a identificação nacional com a obra e os personagens de Alencar: ´[...] muito dessa irresistível atração foi o vocabulário de Alencar, o brilho, a musicalidade verbal. A imagem inebriante e soberba para o seu tempo, as graças capitosas da minúcia, da precisão, da habilidade idiomática e mesmo sua sintaxe, as concessões ao sabor local, os neologismos, brasileirismos, enfim a liberdade ousada, aberta, corajosa, ostensiva, em empregar uma técnica que era eminentemente sua e que apaixonou o Brasil inteiro.


"Iracema é, sobretudo, um livro de imagens; José de Alencar organiza uma memória imagética’’, defende o diretor do Museu do Ceará, historiador Régis Lopes. Sob essa tese, está sendo preparada a exposição Edições de Iracema, reunindo cerca de 50 publicações do romance - abertura agendada para o próximo dia 18, com a palestra ‘’Iracema em Cordel’’ (ministrada pelo professor e pesquisador Gilmar de Carvalho) e o relançamento do livro-cordel Iracema a Virgem dos Lábios de Mel (de João Martins, original da primeira metade do século XX). A maior parte do acervo da exposição é do setor de obras raras da Biblioteca Pública Governador Menezes Pimentel. Foco nas imagens, ilustrações dos anos 20 a 90. ‘’Escolhemos o objeto livro para mostrar como Iracema é um livro múltiplo. A forma pela qual se ilustra o romance nos mostra uma Iracema mais romântica, mais moderna, com traços econômicos, uma Iracema que parece que vem de Hollywood [...]”, aponta Lopes.



Em anexo, continua o historiador, ‘’o pensamento sobre a História do Ceará. Precisamos reestudar Iracema - que não é, somente, o índio idealizado; é muito mais. Alencar queria criar um mito fundador para a nação, um passado para o Brasil através de um índio heróico. Precisamos de uma imaginação nacional, essa é a grande questão. E ele fez essa imaginação a partir de uma imaginação cearense’’. Para Régis Lopes, José de Alencar quis estabelecer, pela maternidade indígena, uma relação de pertencimento entre brasileiros e Brasil. ‘’Iracema, hoje, é uma leitura que faz a gente pensar sobre a memória. Qual é a memória que vamos ter em relação ao nosso passado?’, conclui, com a pergunta que não quer calar.
(Regis Lopes – Diretor do Museu do Ceará/2005/ Jornal da poesia)

CURIOSIDADES
O maracujá é uma planta tipicamente brasileira, muito apreciada pelo sabor de seus frutos e pelo perfume de suas flores.



Estas flores, conhecidas como “Flores da Paixão”, foram antigamente muito apreciadas e celebradas como “as graças dos prados, brincos da natureza e devoção da piedade cristã”. Maracujá, na língua tupi, quer dizer “alimento dentro da cuia”. É mesmo na cuia, isto é, na própria casca, que o maracujá recebe total apreciação de norte a sul do país.


"A primitiva, que se pode chamar aborígene, são as lendas e mitos da terra selvagem e conquistada; são as tradições que embalam a infância do povo [...]. Iracema pertence a essa literatura primitiva"


Exploração da Linguagem


Numa carta enviada ao Dr. Jaguaribe, em agosto de 1865, Alencar assim se referiu à obra:


“O conhecimento da língua indígena é o melhor critério para a nacionalidade da literatura. Ele nos dá não só o verdadeiro estilo, como as imagens poéticas dos selvagens, os modos de seu pensamento, as tendências de seu espírito, e até as menores particularidades de sua língua.


É nessa fonte que deve beber o poeta brasileiro; é dela que há de sair o verdadeiro poema nacional como eu o imagino [...]”


Assim, torna-se interessante ilustrar essa preleção do autor com alguns exemplos:



Ceará = cemo (cantar forte) + ara (pequena arara ou periquito)



Tabajaras = taba (aldeia) + jara (senhor)



Pitiguaras= piti (vales) + jara (senhor)

Jurema = ju (espinho) + rema (cheiro desagradável) - árvore meã, de folhagem espessa, de fruto excessivamente amargo, tem um efeito de narcótico.



Jacaúna = jaca (jacarandá) = una (preto)



Coatiabo = coatiá (pintar) + abo (criatura)



Moacir = moaci (dor) + ira (saído de)



Iracema = Na nota nº 2 do autor se encontra, a explicação de que Iracema tem origem no guarani: ira, mel e tembe, lábios, no entanto, trata-se de livre criação.


É de fundamental importância não esquecer com que talento o autor descreve paisagens, personagens, fatos, desnudando diante do leitor uma verdadeira pintura (com palavras) do que transcorre em narrativa. Assim a adjetivação é extremamente forte em seu texto. (http://pre-vestibular.arteblog.com.br/31/)
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ALGUMAS QUESTÕES ACERCA DOS ROMANCES EM QUESTÃO
 
QUESTÕES DE MÚLTIPLA ESCOLHA SOBRE OS LIVROS DA GINCANA



“MEMÓRIAS DE UM SARGENTO DE MILÍCIAS”

“IRACEMA”

“80 ANOS DE POESIA”

“MEMÓRIAS INVENTADAS”



1. (FUVEST) Indique a alternativa que se refere corretamente ao protagonista de Memórias de um Sargento de Milícias, de Manuel Antônio de Almeida:

a) Nele, como também em personagens menores, há o contínuo e divertido esforço de driblar o acaso das condições adversas e a avidez de gozar os intervalos da boa sorte.

b) Este herói de folhetim se dá a conhecer sobretudo nos diálogos, nos quais revela ao mesmo tempo a malícia aprendida nas ruas e o idealismo romântico que busca ocultar.

c) A personalidade assumida de sátiro é a máscara de seu fundo lírico, genuinamente puro, a ilustrar a tese da "bondade natural", adotada pelo autor.

d) Enquanto cínico, calcula friamente o carreirismo matrimonial; mas o sujeito moral sempre emerge, condenado o prõprio cinismo ao inferno da culpa, do remorso e da expiação.

e) Ele é uma espécie de barro vital, ainda amorfo, a que o prazer e o medo vão mostrando os caminhos a seguir, até sua transformação final em símbolo sublimado.



2. (UFRS-RS) Leia o texto abaixo, extraído do romance Memórias de um Sargento de Milícias, de Manuel Antônio de Almeida.



“Desta vez porém Luizinha e Leonardo, não é dizer que vieram de braço, como este último tinha querido quando foram para o Campo, foram mais adiante do que isso, vieram de mãos dadas muito familiar e ingenuamente. E ingenuamente não sabemos se se poderá aplicar com razão ao Leonardo.”



Considere as afirmações abaixo sobre o comentário feito em relação à palavra ingenuamente na última frase do texto:



I. O narrador aponta para a ingenuidade da personagem frente à vida e às experiências desconhecidas do primeiro amor.

II. O narrador, por saber quem é Leonardo, põe em dúvida o caráter da personagem e as suas intenções.

III. O narrador acentua o tom irônico que caracteriza o romance.



Quais estão corretas?



a) Apenas I

b) Apenas II

c) Apenas III

d) Apenas II e III

e) I, II e III



3. (FUVEST) Sua história tem pouca coisa de notável. Fora Leonardo algibebe¹ em Lisboa, sua pátria; aborrecera-se porém do negócio, e viera ao Brasil. aqui chegando, não se sabe por proteção de quem, alcançou o emprego de que o vemos empossado, o que exercia, como dissemos, desde tempos remotos. Mas viera com ele no mesmo navio, não sei fazer o quê, uma certa Maria de hortaliça, quitandeira das praças de Lisboa, saloia² rechonchuda e bonitona. O Leonardo, fazendo-se-lhe justiça, não era nesse tempo de sua mocidade mal apessoado, e sobretudo era maganão³. Ao sair do Tejo, estando a Maria encostada à borda do navio, o Leonardo fingiu que passava distraído junto dela, e com o ferrado sapatão assentou-lhe uma valente pisadela no pé direito. A Maria, como se já esperasse por aquilo, sorriu-se como envergonhada do gracejo, e deu-lhe também em ar de disfarce um tremando beliscão nas costas da mão esquerda. Era isto uma declaração em forma, segundo os usos da terra: levaram o resto do dia de namoro cerrado; ao anoitecer passou-se a mesma cena de pisadela e beliscão, com a diferença d serem desta vez um pouco mais fortes; e no dia seguinte estavam os dois amantes tão extremosos e familiares, que pareciam sê-lo de muitos anos. (Manuel Antônio de Almeida, Memórias de um sargento de milícias)



Glossário:



1algibebe: mascate, vendedor ambulante.

2 saloia: aldeã das imediações de Lisboa.

3maganão: brincalhão, jovial, divertido.



Neste excerto, o modo pelo qual é relatado o início do relacionamento entre Leonardo e Maria



a) manifesta os sentimentos antilusitanos do autor, que enfatiza a grosseria dos portugueses em oposição ao refinamento dos brasileiros.

b) revela os preconceitos sociais do autor, que retrata de maneira cômica as classes populares, mas de maneiras respeitosa a aristocracia e o clero.

c) reduz as relações amorosas a seus aspetos sexuais e fisiológicos, conforme os ditames do Naturalismo.

d) opõe-se ao tratamento idealizante e sentimental das relações amorosas, dominante do Romantismo.

e) evidencia a brutalidade das relações inter-raciais, própria do contexto colonial escravista.



4. (FUVEST) Sua história tem pouca coisa de notável. Fora Leonardo algibebe¹ em Lisboa, sua pátria; aborrecera-se porém do negócio, e viera ao Brasil. aqui chegando, não se sabe por proteção de quem, alcançou o emprego de que o vemos empossado, o que exercia, como dissemos, desde tempos remotos. Mas viera com ele no mesmo navio, não sei fazer o quê, uma certa Maria de hortaliça, quitandeira das praças de Lisboa, saloia² rechonchuda e bonitona. O Leonardo, fazendo-se-lhe justiça, não era nesse tempo de sua mocidade mal apessoado, e sobretudo era maganão³. Ao sair do Tejo, estando a Maria encostada à borda do navio, o Leonardo fingiu que passava distraído junto dela, e com o ferrado sapatão assentou-lhe uma valente pisadela no pé direito. A Maria, como se já esperasse por aquilo, sorriu-se como envergonhada do gracejo, e deu-lhe também em ar de disfarce um tremando beliscão nas costas da mão esquerda. Era isto uma declaração em forma, segundo os usos da terra: levaram o resto do dia de namoro cerrado; ao anoitecer passou-se a mesma cena de pisadela e beliscão, com a diferença d serem desta vez um pouco mais fortes; e no dia seguinte estavam os dois amantes tão extremosos e familiares, que pareciam sê-lo de muitos anos. (Manuel Antônio de Almeida, Memórias de um sargento de milícias)



Glossário:



1algibebe: mascate, vendedor ambulante.

2saloia: aldeã das imediações de Lisboa.

3maganão: brincalhão, jovial, divertido.



No excerto, o narrador incorpora elementos da linguagem usada pela maioria das personagens da obra, como se verifica em:

a) aborrecera-se porém do negócio.

b) do que o vemos empossado.

c) rechonchuda e bonitona.

d) envergonhada do gracejo.

e) amantes tão extremosos.



5. (FUVEST) Sua história tem pouca coisa de notável. Fora Leonardo algibebe¹ em Lisboa, sua pátria; aborrecera-se porém do negócio, e viera ao Brasil. aqui chegando, não se sabe por proteção de quem, alcançou o emprego de que o vemos empossado, o que exercia, como dissemos, desde tempos remotos. Mas viera com ele no mesmo navio, não sei fazer o quê, uma certa Maria de hortaliça, quitandeira das praças de Lisboa, saloia² rechonchuda e bonitona. O Leonardo, fazendo-se-lhe justiça, não era nesse tempo de sua mocidade mal apessoado, e sobretudo era maganão³. Ao sair do Tejo, estando a Maria encostada à borda do navio, o Leonardo fingiu que passava distraído junto dela, e com o ferrado sapatão assentou-lhe uma valente pisadela no pé direito. A Maria, como se já esperasse por aquilo, sorriu-se como envergonhada do gracejo, e deu-lhe também em ar de disfarce um tremando beliscão nas costas da mão esquerda. Era isto uma declaração em forma, segundo os usos da terra: levaram o resto do dia de namoro cerrado; ao anoitecer passou-se a mesma cena de pisadela e beliscão, com a diferença d serem desta vez um pouco mais fortes; e no dia seguinte estavam os dois amantes tão extremosos e familiares, que pareciam sê-lo de muitos anos. (Manuel Antônio de Almeida, Memórias de um sargento de milícias)

Glossário:



¹ algibebe: mascate, vendedor ambulante.

² saloia: aldeã das imediações de Lisboa.

³ maganão: brincalhão, jovial, divertido.



No excerto, as personagens manifestam uma característica que também estará presente na personagem Macunaíma. Essa característica é a:

a) disposição permanentemente alegre e bem-humorada.

b) discrepância entre a condição social humilde e a complexidade psicológica.

c) busca da satisfação imediata dos desejos.

d) mistura das raças formadoras da identidade nacional brasileira.

e) oposição entre o físico harmonioso e o comportamento agressivo.



6. (FUVEST) Sua história tem pouca coisa de notável. Fora Leonardo algibebe¹ em Lisboa, sua pátria; aborrecera-se porém do negócio, e viera ao Brasil. aqui chegando, não se sabe por proteção de quem, alcançou o emprego de que o vemos empossado, o que exercia, como dissemos, desde tempos remotos. Mas viera com ele no mesmo navio, não sei fazer o quê, uma certa Maria de hortaliça, quitandeira das praças de Lisboa, saloia² rechonchuda e bonitona. O Leonardo, fazendo-se-lhe justiça, não era nesse tempo de sua mocidade mal apessoado, e sobretudo era maganão³. Ao sair do Tejo, estando a Maria encostada à borda do navio, o Leonardo fingiu que passava distraído junto dela, e com o ferrado sapatão assentou-lhe uma valente pisadela no pé direito. A Maria, como se já esperasse por aquilo, sorriu-se como envergonhada do gracejo, e deu-lhe também em ar de disfarce um tremando beliscão nas costas da mão esquerda. Era isto uma declaração em forma, segundo os usos da terra: levaram o resto do dia de namoro cerrado; ao anoitecer passou-se a mesma cena de pisadela e beliscão, com a diferença d serem desta vez um pouco mais fortes; e no dia seguinte estavam os dois amantes tão extremosos e familiares, que pareciam sê-lo de muitos anos. (Manuel Antônio de Almeida, Memórias de um sargento de milícias)



Glossário:



1algibebe: mascate, vendedor ambulante.

2saloia: aldeã das imediações de Lisboa.

3maganão: brincalhão, jovial, divertido.



O trecho "fazendo-se-lhe justiça" mantém o restante do período em que aparece uma relação de:

a) causa.

b) conseqüência.

c) tempo.

d) contradição.

e) condição.



7. (UNESP) Os leitores estarão lembrados do que o compadre dissera quando estava a fazer castelos no ar a respeito do afilhado, e pensando em dar-lhe o mesmo ofício que exercia, isto é, daquele arranjei-me, cuja explicação prometemos dar. Vamos agora cumprir a promessa.

Se alguém perguntasse ao compadre por seus pais, por seus parentes, por seu nascimento, nada saberia responder, porque nada sabia a respeito. Tudo de que se recordava de sua história reduzia-se a bem pouco. Quando chegara à idade de dar acordo da vida achou-se em casa de um barbeiro que dele cuidava, porém que nunca lhe disse se era ou não seu pai ou seu parente, nem tampouco o motivo por que tratava da sua pessoa. Também nunca isso lhe dera cuidado, nem lhe veio a curiosidade de indagá-lo.

Esse homem ensinara-lhe o ofício, e por inaudito milagre também a ler e a escrever. Enquanto foi aprendiz passou em casa do seu... mestre, em falta de outro nome, uma vida que por um lado se parecia com a do fâmulo*, por outro com a do filho, por outro com a do agregado, e que afinal não era senão vida de enjeitado, que o leitor sem dúvida já adivinhou que ele o era. A troco disso dava-lhe o mestre sustento e morada, e pagava-se do que por ele tinha já feito.

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(*) fâmulo: empregado, criado

(Manuel Antônio de Almeida, Memórias de um sargento de milícias)



Neste excerto, mostra-se que o compadre provinha de uma situação de família irregular e ambígua. No contexto do livro, as situações desse tipo:

a) caracterizam os costumes dos brasileiros, por oposição aos dos imigrantes portugueses.

b) são apresentadas como conseqüência da intensa mestiçagem racial, própria da colonização.

c) contrastam com os rígidos padrões morais dominantes no Rio de Janeiro oitocentista.

(d) ocorrem com freqüência no grupo social mais amplamente representado.

e) começam a ser corrigidas pela doutrina e pelos exemplos do clero católico.



8. (UNESP) Os leitores estarão lembrados do que o compadre dissera quando estava a fazer castelos no ar a respeito do afilhado, e pensando em dar-lhe o mesmo ofício que exercia, isto é, daquele arranjei-me, cuja explicação prometemos dar. Vamos agora cumprir a promessa.

Se alguém perguntasse ao compadre por seus pais, por seus parentes, por seu nascimento, nada saberia responder, porque nada sabia a respeito. Tudo de que se recordava de sua história reduzia-se a bem pouco. Quando chegara à idade de dar acordo da vida achou-se em casa de um barbeiro que dele cuidava, porém que nunca lhe disse se era ou não seu pai ou seu parente, nem tampouco o motivo por que tratava da sua pessoa. Também nunca isso lhe dera cuidado, nem lhe veio a curiosidade de indagá-lo.

Esse homem ensinara-lhe o ofício, e por inaudito milagre também a ler e a escrever. Enquanto foi aprendiz passou em casa do seu... mestre, em falta de outro nome, uma vida que por um lado se parecia com a do fâmulo*, por outro com a do filho, por outro com a do agregado, e que afinal não era senão vida de enjeitado, que o leitor sem dúvida já adivinhou que ele o era. A troco disso dava-lhe o mestre sustento e morada, e pagava-se do que por ele tinha já feito.

_____________________

(*) fâmulo: empregado, criado

(Manuel Antônio de Almeida, Memórias de um sargento de milícias)



A condição social de agregado, referida no excerto, caracteriza também a situação de:

a) Juliana, na casa de Jorge e Luísa (O primo Basílio).

b) D. Plácida, na casa de Quincas Borba (Memórias póstumas de Brás Cubas).

(c) Leonardo (filho), na casa de Tomás da Sé (Memórias de um sargento de milícias).

d) Joana, na casa de Jorge e Luísa (O primo Basílio).

e) José Manuel, na casa de D. Maria (Memórias de um sargento de milícias).



9. (PUC) Das alternativas abaixo, indique a que contraria as características mais significativas do romance Memórias de um Sargento de Milícias, de Manuel Antônio de Almeida:

a) Romance de costumes que descreve a vida da coletividade urbana do Rio de Janeiro, na época de D. João VI.

b) Narrativa de malandragem, já que Leonardo, personagem principal, encarna o tipo do malandro amoral que vive o presente, sem qualquer preocupação com o futuro.

c) Livro que se liga aos romances de aventura, marcado por intenção crítica contra a hipocrisia, a venalidade, a injustiça e a corrupção social.

d) Obra considerada de transição para um novo estilo de época, ou seja, o Realismo/Naturalismo.

(e) Romance histórico que pretende narrar fatos de tonalidade heróica da vida brasileira, como os vividos pelo Major Vidigal, ambientados no tempo do rei.



10. (FUVEST) O enterro saiu acompanhado pela gente da amizade: os escravos da casa fizeram uma algazarra tremenda. A vizinhança pôs-se toda à janela, e tudo foi analisado, desde as argolas e galões do caixão, até o número e qualidade dos convidados; e sobre cada um dos pontos apareceram três ou quatro opiniões diversas. (Manuel Antônio de Almeida – Memórias de um sargento de milícias)



O trecho acima exemplifica uma das características fundamentais do romance que é:

a) o retrato fiel dos usos e costumes do Rio de Janeiro no segundo reinado.

b) o caráter mórbido dos personagens sempre envolvidos com a morte.

c) sentimentalismo comum aos romances escritos durante o Romantismo.

d) o destino comum do personagem picaresco: o seu encontro com a morte.

e) a descrição de fatos relacionados à cultura e ao comportamento popular.



11. (FUVEST) Memórias de um Sargento de Milícias não apresenta a idealização e sentimentalismo comuns ao Romantismo. É uma obra excêntrica, bastante diferente das narrativas dessa escola literária.

Assinale a alternativa em que se evidencia o anti-sentimentalismo, o distanciamento do lugar-comum romântico. a) "Isto tudo vem para dizermos que Maria Regalada tinha um verdadeiro amor ao major Vidigal."

b) "Não é também pequena desventura o cairmos nas mãos de uma mulher a quem deu na veneta querer-nos bem deveras."

c) "O Leonardo estremeceu por dentro, e pediu ao céu que a lua fosse eterna; virando o rosto, viu sobre seus ombros aquela cabeça de menina iluminada."

d) "Sem saber como, unia-se ao Leonardo, firmava-se com as mãos sobre os seus ombros para se poder sustentar mais tempo nas pontas dos pés, falava-lhe e comunicava-lhe a sua admiração."

e) "Leonardo ficou também por sua vez extasiado; pareceu-lhe então o rosto mais lindo que jamais vira."



12. (FUVEST) Assinale a alternativa em que aparece fragmento que se refere ao protagonista de Memórias de um Sargento de Milícias.

a) "Fora Leonardo algibebe em Lisboa, sua pátria;aborrecera-se porém do negócio e viera ao Brasil.Aqui chegando, não se sabe por proteção de quem, alcançou o emprego de que o vemos empossado."

b) "Era o rei absoluto, o árbitro supremo de tudo que dizia respeito a esse ramo de administração: era o juiz que julgava e distribuía a pena."

c) "Quando passou de menino a rapaz, e chegou a saber barbear e sangrar sofrivelmente, foi obrigado a manter-se à sua custa."

d) "Era este um homem todo em proporções infinitesimais, baixinho, magrinho, de carinha estreita e chupada, excessivamente calvo, tinha pretensões de latinista."

e) "Digamos unicamente que durante todo este tempo o menino não desmentiu aquilo que anunciara desde que nasceu: atormentava a vizinhança."



13. (UNIBAN) Sobre Memórias de um Sargento de Milícias, só não se pode afirmar que:

a) A obra tem como protagonista um anti-herói de características picarescas, o que afasta o livro dos padrões de idealização românticos.

b) À parte a dimensão fantasiosa de que se revestem as peripécias de Leonardo, o livro pode ser considerado realista devido à análise crítica dos costumes da corte.

c) O final do protagonista é bem sucedido, visto que ele se curva ao universo da ordem e das regras sociais.

d) O livro não apresenta perspectiva moralista, pois o “herói malandro“ não é castigado, mas premiado, e o narrador não emite juízos de valor sobre o que narra.

e) A ausência de polarização maniqueísta entre o que é considerado correto ou incorreto, moral ou imoral, pode ser verificada na caracterização dos personagens, em que redomina o humor sobre a idealização.



14. (UNIBAN) Leia a seguinte afirmação crítica a respeito de Memórias de um Sargento de Milícias:

“Diversamente de todos os romances brasileiros do século XIX, mesmo os que formam a pequena minoria dos romances cômicos, as Memórias de um Sargento de Milícias criam um universo que parece liberto do peso do erro e do pecado.”



Assinale a alternativa que não apresenta um fato relacionado ao universo mencionado na afirmação acima:

a) Luisinha prometera casamento a Leonardo, o que não a impede de trair o juramento sem remorsos, casando-se com José Manuel.

b) A comadre forja uma calúnia para afastar do caminho José Manuel, antagonista de Leonardo, visando à felicidade do afilhado.

c) O mestre-de-reza vale-se de sua intimidade junto à casa de D. Maria para reverter a maledicência criada para denegrir José Manuel.

d) O patrimônio do compadre, que viria a servir de amparo ao afilhado abandonado, origina-se de um juramento rompido desonestamente.

e) Leonardo Pataca expulsa de casa o próprio filho, para depois dar-lhe abrigo, afastando-o da vida desregrada.



15. (CEFET-PR) Em relação à obra Memórias de um Sargento de Milícias, marque a alternativa correta:

a) O tempo dos acontecimentos que envolvem Leonardo Pataca e seu filho, Leonardo, éo mesmo em que o narrador escreve o romance.

b) A linguagem do romance é bem romântica, idealizando muito e sempre os fatos que se revelam sob um prisma enaltecedor.

c) A instituição familiar, especialmente, a família composta por Leonardo Pataca, Maria e o herói da narrativa é sobretudo burguesa, ordeira e sólida.

d) A Igreja, sobretudo a Católica, passa por um processo de idealização, emergindo como instituição inabalável, piedosa e principalmente voltada para a vida espiritual.

e) O cotidiano fluminense, simultaneamente devoto e profano, revela-se a partir de uma linguagem prosaica em que as festas religiosas são pintadas em parte como folias carnavalescas.



16. (FUVEST) Indique a alternativa que se refere corretamente ao protagonista de Memórias de um Sargento de Milícias, de Manuel Antônio de Almeida:

a) Ele é uma espécie de barro vital, ainda amorfo, a que o prazer e o medo vão mostrando os caminhos a seguir, até sua transformação final em símbolo sublimado.

b) Enquanto cínico, calcula friamente o carreirismo matrimonial; mas o sujeito moral sempre emerge, condenando o próprio cinismo ao inferno da culpa, do remorso e da expiação.

c) A personalidade assumida de sátiro é a máscara de seu fundo lírico, genuinamente puro, a ilustrar a tese da "bondade natural", adotada pelo autor.

d) Este herói de folhetim se dá a conhecer sobretudo nos diálogos, nos quais revela ao mesmo tempo a malícia aprendida

nas ruas e o idealismo romântico que busca ocultar.

e) Nele, como também em personagens menores, há o contínuo e divertido esforço de driblar o acaso das condições adversas e a avidez de gozar os intervalos da boa sorte.



17. (FUVEST) Leia o trecho transcrito de Memórias de um sargento de milícias, de Manuel Antônio de Almeida para responder ao teste



"Enquanto a comadre dispunha seu plano de ataque contra José Manuel, Leonardo ardia em ciúmes, em raiva, e nada havia que o consolasse em seu desespero, nem mesmo as promessas de bom resultado que lhe faziam o padrinho e a madrinha. O pobre rapaz via sempre diante de si a detestável figura de seu rival a desconcertar-lhe todos os planos, a desvanecer-lhe todas as esperanças. Nas horas de sossego entregava-se às vezes à construção imaginária de magníficos castelos, castelos de nuvens, é verdade, porém que lhe pareciam por instantes os mais sólidos do mundo; de repente surdia-lhe de um canto o terrível José Manuel com as bochechas inchadas; e soprando sobre a construção, a arrasava num volver d'olhos."

Assinale a alternativa incorreta a respeito do trecho transcrito:

a) A cena pode ser considerada como mais um dos exemplos de mobilização que Leonardo provoca em seus protetores, os quais se dedicam continuamente a resolver os problemas do herói.

b) Diferentemente de outras passagens, Leonardo comporta-se como um herói romântico que se desestabiliza emocionalmente ao pensar no seu rival.

c) Os sonhos fantasiosos e apaixonados de Leonardo indicam o caráter complexo do herói, pois, ainda que seja malandro, conserva a sensibilidade romântica, quando se trata da disputa pela mulher amada.

d) O humor presente no trecho advém sobretudo do comportamento sentimental exagerado de Leonardo em contraste com o tom de deboche do narrador.

e) O temor por José Manuel manifesta-se inclusive por meio dos sonhos de Leonardo que, por estar apaixonado, revela-se frágil, vulnerável.



18. (FUVEST) Leia o texto e as afirmações que seguem para responder ao teste.

"O pequeno, enquanto se achou novato em casa do padrinho, portou-se com toda a sisudez e gravidade; apenas porém foi tomando mais familiaridade, começou a pôr as manguinhas de fora.

Apesar disto, captou do padrinho maior afeição, que se foi aumentando de dia em dia, e que em breve chegou ao extremo da amizade cega e apaixonada. Até nas próprias travessuras do menino, as mais das vezes, achava o bom do homem muita graça; não havia para ele em todo o bairro rapazinho mais bonito, e não se fartava de contar à vizinhança tudo o que ele dizia e fazia; às vezes eram verdadeiras ações de menino mal-criado, que ele achava cheio de espírito e de viveza; outras vezes eram ditos que denotavam já muita velhacaria para aquela idade, e que ele julgava os mais ingênuos do mundo." (Memórias de um sargento de milícias, Manuel Antônio de Almeida)

I. Embora se distancie de muitos dos padrões estabelecidos pelo Romantismo, Memórias de um sargento de milícias apresenta uma linguagem ornamentada, metafórica, bem ao gosto romântico.

II. A postura do padrinho em relação ao afilhado Leonardo pode ser comparada àquela adotada pelo pai de Brás Cubas em relação ao filho: as travessuras são vistas com deslizes ingênuos e constituem motivo de orgulho paterno.

III. A "velhacaria" que Leonardo apresenta na infância pode ser associada à esperteza precoce da personagem Macunaíma, o que constitui um dos pontos em comum existentes entre esses dois anti-heróis.

IV. Pelo fato de Leonardo, Brás Cubas e Macunaíma serem protagonistas que se revelam desde a infância endiabrados, maliciosos e cínicos, as três obras Memórias de um sargento de milícias, Memórias Póstumas de Brás Cubas e Macunaíma são consideradas exemplo, de narrativas picarescas.

Estão corretas as afirmações:

a) I, II, III e IV.

b) I, II e III.

c) II, III e IV.

d) II e III.

e) II e IV.



19. (FUVEST) A participação do narrador em Memórias de um sargento de milícias, de Manuel Antonio de Almeida, constitui um dos aspectos mais arrojados da composição da obra, especialmente porque antecipa tendências somente valorizadas muito mais tarde, pelos modernistas, em 1922.

Leia o trecho a seguir que confirma esse caráter inovador.

"Já se vê que esta vida era trabalhosa e demandava sérios cuidados; porém a comadre dispunha de uma grande soma de atividade; e, apesar de gastar muito tempo nos deveres do ofício e na igreja, sempre lhe sobrara algum para empregar em outras coisas. Como dissemos, ela havia tomado a peito a causa dos maiores de Leonardo com Luisinha, e jurar pôr José Manuel, o novo candidato, fora da chapa." (capítulo XXV)

A postura inovadora do narrador expressa-se no trecho transcrito por meio da:

a) inclusão do leitor na narrativa.

b) oscilação do foco narrativo.

c) adoção de linguagem coloquial.

d) ironia e crítica indisfarçável.

e) expressão de julgamentos de valor.



20. (POLI) Leiamos um trecho da obra Memórias de um sargento de milícias:

As vozes dos meninos, juntas ao canto dos passarinhos, faziam uma algazarra de doer os ouvidos; o mestre, acostumado àquilo, escutava impassível, com uma enorme palmatória na mão, e o menor erro que algum dos discípulos cometia não lhe escapava no meio de todo o barulho; fazia parar o canto, chamava o infeliz, emendava cantando o erro cometido, e cascava-lhe pelo menos seis puxados bolos. Era o regente da orquestra ensinando a marcar o compasso. O compadre expôs, no meio do ruído, o objeto de sua visita, e apresentou o pequeno ao mestre. (...)

Na segunda-feira voltou o menino armado com a sua competente pasta a tiracolo, a sua lousa de escrever e o seu tinteiro de chifre; o padrinho o acompanhou até a porta. Logo nesse dia portou-se de tal maneira que o mestre não se pôde dispensar de lhe dar quatro bolos, o que lhe fez perder toda a folia com que entrara: declarou desde esse instante guerra viva à escola. Ao meio-dia veio o padrinho buscá-lo, e a primeira notícia que ele lhe deu foi que não voltaria no dia seguinte, nem mesmo aquela tarde.

- Mas você não sabe que é preciso aprender?...

- Mas não é preciso apanhar... - Pois você já apanhou?... - Não foi nada, não, senhor; foi porque entornei o tinteiro na calça de um menino que estava ao pé de mim; o mestre ralhou comigo, e eu comecei a rir muito... (Manuel Antônio de Almeida, Memórias de um sargento de milícias. São Paulo: Ateliê, 2000.)

A respeito da leitura do trecho acima e de seu conhecimento da obra, assinale a CORRETA:

a) A obra concentra-se em narrar as aventuras infantis de Leonardinho na escola.

b) Como apontou Antonio Candido (crítico literário), nessa obra, o universo da ordem, que nessa passagem pode estar representado pela rigidez dos castigos do professor, mistura-se ao universo da desordem, nesse parágrafo simbolizado tanto pelo canto dos meninos em algazarra com o dos pássaros, quanto pela presença de Leonardo na escola.

c) A obra apresenta uma crítica à família que se omitem em relação à educação dos filhos e deixa essa tarefa para a escola.

d) Na resposta de Leonardo (filho) ao padrinho: Não foi nada, não, senhor; foi porque entornei o tinteiro na calça de um menino que estava ao pé de mim; o mestre ralhou comigo, e eu comecei a rir muito... nota-se o respeito que ele terá pelas instituições em toda a obra.

e) Essa obra é representativa dos romances românticos brasileiros, uma vez que apresenta um herói religioso, honrado e moralmente impecável.



21. (FUVEST) Uma flor, o Quincas Borba. Nunca em minha infância, nunca em toda a minha vida, achei um menino mais gracioso, inventivo e travesso. Era a flor, e não já da escola, senão de toda a cidade. A mãe, viúva, com alguma cousa de seu, adorava o filho e trazia-o amimado, asseado, enfeitado, com um vistoso pajem atrás, um pajem que nos deixava gazear a escola, ir caçar ninhos de pássaros, ou perseguir lagartixas nos morros do Livramento e da Conceição, ou simplesmente arruar, à toa, como dous peraltas sem emprego.

E de imperador! Era um gosto ver o Quincas Borba fazer de imperador nas festas do Espírito Santo. De resto, nos nossos jogos pueris, ele escolhia sempre um papel de rei, ministro, general, uma supremacia, qualquer que fosse. Tinha garbo o traquinas, e gravidade, certa magnificência nas atitudes, nos meneios. Quem diria que… Suspendamos a pena; não adiantemos os sucessos. Vamos de um salto a 1822, data da nossa independência política, e do meu primeiro cativeiro pessoal. (Machado de Assis, Memórias póstumas de Brás Cubas)

É correto afirmar que as festas do Espírito Santo, referidas no excerto, comparecem também em passagens significativas de:

a) Memórias de um sargento de milícias, onde contribuem para caracterizar uma religiosidade de superfície, menos afeita ao sentido íntimo das cerimônias do que ao seu colorido e pompa exterior.

b) O primo Basílio, tornando evidentes, assim, as origens ibéricas das festas religiosas populares do Rio de Janeiro do século XIX.

c) Macunaíma, onde colaboram para evidenciar o sincretismo luso-afro-ameríndio que caracteriza a religiosidade típica do brasileiro.

d) Primeiras estórias, cujos contos realizam uma ampla representação das tendências mágico-religiosas que caracterizam o catolicismo popular brasileiro.

e) A hora da estrela, onde servem para reforçar o contraste entre a experiência rural-popular de Macabéa e sua experiência de abandono na metrópole moderna.



22. (FUVEST) Assim pois, o sacristão da Sé, um dia, ajudando à missa, viu entrar a dama, que devia ser sua colaboradora na vida de Dona Plácida. Viu-a outros dias, durante semanas inteiras, gostou, disse-lhe alguma graça, pisou-lhe o pé, ao acender os altares, nos dias de festa. Ela gostou dele, acercaram-se, amaram-se. Dessa conjunção de luxúrias vadias brotou Dona Plácida. É de crer que Dona Plácida não falasse ainda quando nasceu, mas se falasse podia dizer aos autores de seus dias: "— Aqui estou. Para que me chamastes?" E o sacristão e a sacristã naturalmente lhe responderiam: "— Chamamos-te para queimar os dedos nos tachos, os olhos na costura, comer mal, ou não comer, andar de um lado para outro, na faina, adoecendo e sarando, com o fim de tornar a adoecer e sarar outra vez, triste agora, logo desesperada, amanhã resignada, mas sempre com as mãos no tacho e os olhos na costura, até acabar um dia na lama ou no hospital; foi para isso que te chamamos, num momento de simpatia”. (Machado de Assis - Memórias póstumas de Brás Cubas)

Tal como narradas neste trecho, as circunstâncias que levam ao nascimento de Dona Plácida apresentam semelhança maior com as que conduzem ao nascimento da personagem:

a) Leonardo (filho), de Memórias de um sargento de milícias.

b) Juliana, de O primo Basílio.

c) Macunaíma, de Macunaíma.

d) Augusto Matraga, de Sagarana.

e) Olímpico, de A hora da estrela.



23. (ESPM) No início do livro Memórias de um Sargento de Milícias, o narrador refere-se à honra e à respeitabilidade dos meirinhos (oficiais de justiça), negando-as posteriormente com fatos e atitudes que marcam a personagem de Leonardo Pataca, o que denuncia, mais do que idéias contraditórias, um posicionamento claramente irônico. Isso não ocorre no trecho:

a) “Espiar a vida alheia (…) era naquele tempo coisa tão comum e enraizada nos costumes que, ainda hoje, (…) restam grandes vestígios desse belo hábito.”;

b) “Ao outro dia sabia-se por toda a vizinhança que a moça do Leonardo tinha fugido para Portugal com o capitão de um navio que partira na véspera de noite.

— Ah! disse o compadre com um sorriso maligno, ao saber da notícia, foram saudades da terra!…”;

c) “— Honra!…honra de meirinho…ora!

O vulcão de despeito que as lágrimas da Maria tinham apagado um pouco, borbotou de novo com este insulto, que não ofendia só um homem, porém uma classe inteira!”;

d) “O compadre, que se interpusera, levou alguns por descuido; afastou-se pois a distância conveniente, murmurando despeitado por ver frustrados seus esforços de conciliador:

— Honra de meirinho é como fidelidade de saloia.”;

e) “— Ó compadre, disse, você perdeu o juízo?...

— Não foi o juízo, disse o Leonardo em tom dramático, foi a honra!…”.



24. (PUC-SP) Era a sobrinha de Dona Maria já muito desenvolvida, porém que, tendo perdido as graças de menina, ainda não tinha adquirido a beleza de moça: era alta, magra, pálida; andava com o queixo enterrado no peito, trazia as pálpebras sempre baixas, e olhava a furto; tinha os braços finos e compridos; o cabelo, cortado, dava-lhe apenas até o pescoço, e como andava mal penteada e trazia a cabeça sempre baixa, uma grande porção lhe caía sobre a testa e olhos, como uma viseira.

O trecho acima é do romance Memórias de um Sargento de Milícias, de Manuel Antônio de Almeida. Dele pode afirmar-se que:



a) confirma o padrão romântico da descrição da personagem feminina, representada nesta obra por Luisinha.

b) exemplifica a afirmação de que o referido romance estava em descompasso com os padrões e o tom do Romantismo.

c) não fere o estilo romântico de descrever e narrar, pois se justifica por seu caráter de transição da estética romântica para a realista.

d) justifica, dentro do Romantismo, a caracterização sempre idealizada do perfil feminino de suas personagens.

e) insere-se na estética romântica, apesar das características negativas da personagem, que fazem dela legítima representante da dialética da malandragem.



25. (PUC-SP) Memórias de um Sargento de Milícias é um romance escrito por Manuel Antônio de Almeida. Considerando-o como um todo, indique a alternativa que NÃO confirma suas características romanescas:



a) É um romance folhetim, já que saiu em fascículos no suplemento “A Pacotilha”, do jornal Correio Mercantil, que o publicava semanalmente entre 1852 e 1853.

b) Utiliza a língua falada sem reservas e com toda a dignidade e naturalidade, o que confere à obra um caráter espontâneo e despretensioso.

c) Enquadra-se fundamente na estética realista, opondo-se ao ideário romântico, particularmente no que concerne à construção da personagem feminina e ao destaque dado às camadas mais populares da sociedade.

d) Reveste-se de comicidade, na linha do pitoresco, e desenvolve sátira saborosa aos costumes da época que atinge todas as camadas sociais.

e) Põe em prática a afirmação de que através do riso pode-se falar das coisas sérias da vida e instaurar a correção dos costumes.



26. (PUC-SP) Em Memórias de um sargento de milícias, considerado como um todo, há uma forte caracterização dos tipos populares entre os quais destaca-se a figura de Leonardo filho. Indique a alternativa que contém dados que caracterizam essa personagem:

a) Narrador das peripécias relatadas em forma de memórias, conforme vem sugerido no título do livro, torna-se exemplo de ascensão das camadas sociais menos privilegiadas.

b) Anti-herói, malandro e oportunista, espécie de pícaro pela bastardia e ausência de uma linha ética de conduta.

c) Herói de um romance sem culpa, representa as camadas populares privilegiadas dentro do mundo da ordem.

d) Representante típico da fina flor da malandragem, ajeita-se na vida, porque protegido do Vidigal, permanece imune às sanções sociais e em momento algum é recolhido à cadeia.

e) Herói às avessas que incorpora a exclusão social, porque, não tendo recebido amparo de nenhuma espécie, não alcança a patente das milícias e se priva de qualquer tipo de herança.



27. (UFLA) Relacione personagens de “Memórias de um Sargento de Milícias”, de Manuel Antônio de Almeida, e características a que se referem:

(1) A cigana ( ) Detesta Leonardo Filho.

(2)O Major Vidigal ( ) Desperta paixões em Leonardo pai e no mestre de rezas.

(3) A vizinha do barbeiro ( ) Adora demandas judiciais.

(4) O mestre de rezas ( ) É ridicularizado por Leonardo numa das estrepolias de sua infância.

(5) D. Maria ( ) É o único personagem histórico do livro.

A relação CORRETA é:

a) 3 – 1 – 5 – 4 – 2

b) 3 – 5 – 1 – 2 – 4

c) 3 – 4 – 5 – 1 – 2

d) 3 – 1 – 2 – 4 – 5

e) 3 – 5 – 4 – 2 –1



28. (EFOA) A respeito de Memórias de um Sargento de Milícias, assinale a afirmativa INCORRETA:

a) A narrativa opõe-se ao modelo do romance romântico, sobretudo pela figura de seu protagonista, um herói-malandro que não pertence à “classe dominante”.

b) A obra é considerada um romance de costumes por descrever, com fidelidade, os hábitos, as cenas e os lugares pitorescos do Rio de Janeiro da época de D. João VI.

c) Luisinha, o eterno amor de Leonardo Filho, possui dotes físicos, morais e culturais que a identificam como uma autêntica heroína romântica.

d) Manoel Antônio de Almeida satiriza neste livro a sociedade carioca dos tempos joaninos, sem, contudo, utilizar um vocabulário baixo e de expressões censuráveis.

e) A significativa presença de personagens populares, e pertencentes às classes intermediárias da sociedade, transforma a obra de Manoel Antônio de Almeida em precursora da estética realista.



29. (UEL) O trecho transcrito abaixo pertence à obra Raízes do Brasil, de Sérgio Buarque de Holanda, escrito em 1936, e se constitui em uma análise histórico-sociológica da organização da sociedade brasileira.

“À frouxidão da estrutura social, à falta de hierarquia organizada devem-se alguns dos episódios mais singulares da história das nações hispânicas, incluindo-se nelas Portugal e Brasil. Os elementos anárquicos sempre frutificaram aqui facilmente, com a cumplicidade ou a indolência displicente das instituições e costumes.”

(HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil. 8. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1975. p. 5.)



Com base nas afirmações de Holanda, assinale a alternativa que estabelece a melhor correspondência com o romance Memórias de um sargento de milícias, de Manuel Antônio de Almeida, escrito em 1853.

a) Escrito no momento em que movimentos em prol da República cresciam no Brasil, o romance faz uma crítica à estrutura social monárquica e desorganizada e vê no regime republicano um modelo ideal a ser adotado no país.

b) Juntamente com a obra As minas de prata, de José de Alencar, também um autor romântico, o romance de Manuel Antônio de Almeida pode ser considerado um romance histórico, na medida em que faz um traçado da história do Brasil imperial, cuja desorganização social mostrava-se um reflexo da incapacidade político-administrativa da época.

c) Embora escrito durante o Romantismo, marcado pelas idealizações e pela visão eufórica da pátria, o romance de Manuel Antônio de Almeida apresenta um retrato fiel da elite dirigente brasileira do século XIX, cuja falta de estratégia na administração pública levava à anarquia social e de valores, aspecto que o romance retrata com clareza na descrição das festas e no comportamento imoral das personagens.

d) Sendo uma obra de engajamento social, o romance critica a sociedade escravocrata brasileira do século XIX, ao mostrar o autoritarismo e a crueldade da personagem D. Maria no tratamento rigoroso que dispensava às suas escravas.

e) Ao narrar as peripécias do jovem Leonardo, o romance apresenta, com olhar crítico e bem humorado, os costumes da sociedade brasileira da época de D. João VI, marcada por uma certa lassidão de valores, o que permitia às personagens transitar pelo universo da ordem e da desordem, de acordo com as conveniências, o que reflete a falta de estruturação social do Brasil no século XIX.



30. (UERJ) Vidinha Vidinha era uma rapariga que tinha tanto de bonita como de movediça e leve: um soprozinho, por brando que fosse, a fazia voar, outro de igual natureza a fazia revoar, e voava e revoava na direção de quantos sopros por ela passassem; isto quer dizer, em linguagem chã e despida dos trejeitos da retórica, que ela era uma formidável namoradeira, como hoje se diz, para não dizer lambeta, como se dizia naquele tempo. Portanto não foram de modo algum mal recebidas as primeiras finezas do Leonardo, que desta vez se tornou muito mais desembaraçado, quer porque já o negócio com Luisinha o tivesse desasnado, quer porque agora fosse a paixão mais forte, embora esta última hipótese vá de encontro à opinião dos ultra- românticos, que põem todos os bofes pela boca, pelo tal – primeiro amor: – no exemplo que nos dá o Leonardo aprendem o quanto ele tem de duradouro. Se um dos primos de Vidinha, que dissemos ser o atendido naquela ocasião, teve motivo para levantar-se contra o Leonardo como seu rival, o outro primo, que dissemos ser o desatendido, teve dobrada razão para isso, porque além do irmão apresentava-se o Leonardo como segundo concorrente, e o furor de quem se defende contra dois é, ou deve ser sem dúvida, muito maior do que o de quem se defende contra um. Declarou-se portanto, desde que começaram a aparecer os sintomas do que quer que fosse entre Vidinha e o nosso hóspede, guerra de dois contra um, ou de um contra dois. A princípio foi ela surda e muda; era guerra de olhares, de gestos, de desfeitas, de más caras, de maus modos de uns para com os outros; depois, seguindo o adiantamento do Leonardo, passou a ditérios, a chascos, a remoques. Um dia finalmente desandou em descompostura cerrada, em ameaças do tamanho da torre de babel, e foi causa disto ter um dos primos pilhado o feliz Leonardo em flagrante gozo de uma primícia amorosa, um abraço que no quintal trocava ele com Vidinha.

– Aí está, minha tia, dissera enfurecido o rapaz dirigindo-se à mãe de Vidinha; aí está o lucro que se tira de meter-se para dentro de casa um par de pernas que não pertence à família...

– Onde é, onde é que está pegando fogo? disse a velha em tom de escárnio, supondo ser alguma asneira do rapaz, que era em tudo muito exagerado.

– Fogo, replicou este; se ali pegar fogo não haverá água que o apague... e olhe o que lhe digo, se não está pegando fogo... está-se ajuntando lenha para isso.

(Manuel Antônio de Almeida. Memórias de um Sargento de Milícias. São Paulo, Melhoramentos, 1964. pp. 158-9)



Vocabulário:

ditérios, chascos, remoques = zombarias.

primícia = iniciação.

O narrador desse texto vê na inconstância amorosa a refutação do seguinte mito romântico:

a) Amor com amor se paga.

b) Amor com amor se paga.

c) Amor eterno enquanto dura.

d) Amor primeiro, amor verdadeiro.

e) Amor derradeiro, amor verdadeiro.



31. Examine as proposições a seguir e assinale a alternativa INCORRETA.

(A) A relevância da obra de José de Alencar no contexto romântico decorre, em grande parte, da idealização dos elementos considerados como genuinamente brasileiros, notadamente a natureza e o índio. Essa atitude impulsionou o nacionalismo nascente, por ser uma forma de reação política, social e literária contra Portugal.

(B) Ao lado de O guarani e Ubirajara, Iracema representa um mito de fundação do Brasil. Nessas obras, a descrição da natureza brasileira possui inúmeras funções, com destaque para a "cor local", isto é, o elemento particular que o escritor imprimia à literatura, acreditando contribuir para a sua nacionalização.

(C) Embora tendo sido escrito no período romântico, Iracema apresenta traços da ficção naturalista tanto na criação das personagens quanto na tematização dos problemas do país.

(D) A leitura de Iracema revela a importância do índio na literatura romântica. Entretanto, sabe-se que a presença do índio não se restringiu a esse contexto literário, tendo desembocado inclusive no Modernismo, por intermédio de escritores como Mário de Andrade e Oswald de Andrade.

(E) O contraponto poético da prosa indianista de Alencar é constituído pela lírica de Gonçalves Dias. Indiscutivelmente, em "O canto do guerreiro" e em "O canto do piaga", dentre outros poemas, o índio é apresentado de maneira idealizada, numa perpetuação da imagem heróica e sublime adequada aos ideais românticos.



32. (UFU-MG) Sobre Iracema, de José de Alencar, podemos dizer que:

1) as cenas de amor carnal entre Iracema e Martim são de tal forma construídas que o leitor as percebe com vivacidade, porque tudo é narrado de forma explícita.

2) em Iracema temos o nascimento lendário do Ceará, a história de amor entre Iracema e Martim e as manifestações de ódio das tribos tabajara e potiguara.

3) Moacir é o filho nascido da união de Iracema e Martim. De maneira simbólica ele representa o homem brasileiro, fruto do índio e do branco.

4) a linguagem do romance Iracema é altamente poética, embora o texto esteja em prosa. Alencar consegue belos efeitos lingüísticos ao abusar de imagens sobre imagens, comparações sobre comparações.

Assinale:

(A) se apenas 2 e 4 estiverem corretas.

(B) se apenas 2 e 3 estiverem corretas.

(C) se 2, 3 e 4 estiverem corretas.

(D) se 1, 3 e 4 estiverem corretas.



33. A próxima questão refere-se ao texto abaixo.



“Verdes mares bravios de minha terra natal, onde canta a jandaia nas frondes da carnaúba;

Verdes mares que brilhais como líquida esmeralda aos raios do sol nascente, perlongando as alvas praias ensombradas de coqueiros;

Serenai, verdes mares, e alisai docemente a vaga impetuosa para que o barco aventureiro manso resvale à flor das águas.”



Esse trecho é o início do romance Iracema, de José de Alencar. Dele, como um todo, é possível afirmar que:

(A) Iracema é uma lenda criada por Alencar para explicar poeticamente as origens das raças indígenas da América.

(B) as personagens Iracema, Martim e Moacir participam da luta fratricida entre os Tabajaras e os Pitiguaras.

(C) o romance, elaborado com recursos de linguagem figurada, é considerado o exemplar mais perfeito da prosa poética na ficção romântica brasileira.

(D) o nome da personagem-título é anagrama de América e essa relação caracteriza a obra como um romance histórico.

(E) a palavra Iracema é o resultado da aglutinação de duas outras da língua guarani e significa “lábios de fel”.



34. Considere os dois fragmentos extraídos de Iracema, de José de Alencar.

I. Onde vai a afouta jangada, que deixa rápida a costa cearense, aberta ao fresco terral a grande vela? Onde vai como branca alcíone buscando o rochedo pátrio nas solidões do oceano? Três entes respiram sobre o frágil lenho que vai singrando veloce, mar em fora. Um jovem guerreiro cuja tez branca não cora o sangue americano; uma criança e um rafeiro que viram a luz no berço das florestas, e brincam irmãos, filhos ambos da mesma terra selvagem.

II. O cajueiro floresceu quatro vezes depois que Martim partiu das praias do Ceará, levando no frágil barco o filho e o cão fiel. A jandaia não quis deixar a terra onde repousava sua amiga e senhora. O primeiro cearense, ainda no berço, emigrava da terra da pátria. Havia aí a predestinação de uma raça?

Ambos apresentam índices do que poderia ter acontecido no enredo do romance, já que constituem o começo e o fim da narrativa de Alencar. Desse modo, é possível presumir que o enredo apresenta

A) o relacionamento amoroso de Iracema e Martim, a índia e o branco, de cuja união nasceu Moacir, e que alegoriza o processo de conquista e colonização do Brasil.

B) as guerras entre as tribos tabajara e pitiguara pela conquista e preservação do território brasileiro contra o invasor estrangeiro.

C) o rapto de Iracema pelo branco português Martim como forma de enfraquecer os adversários e levar a um pacto entre o branco colonizador e o selvagem dono da terra.

D) a vingança de Martim, desbaratando o povo de Iracema, por ter sido flechado pela índia dos lábios de mel em plena floresta e ter-se tornado prisioneiro de sua tribo.

E) a morte de Iracema, após o nascimento de Moacir, e seu sepultamento junto a uma carnaúba, na fronde da qual canta ainda a jandaia.



Em “Iracema” só não se pode dizer que

a) também é conhecida por “Lenda do Ceará”.

b) a história se passa no Vale do Paraíba, às margens do Rio Paquequer.

c) é conhecido como “Poema Americano”.

d) o filho de Iracema é Moacir, em tupi - símbolo da dor.

e) Martim, um aventureiro português, é responsável pelo fato de a heroína abandonar sua tribo.



35- (USP) O índio, em alguns romances de José de Alencar, como Iracema e Ubirajara, é

a) retratado com objetividade, numa perspectiva rigorosa e científica.

b) idealizado sobre o pano de fundo da natureza, da qual é o herói épico.

c) pretexto episódico para descrição da natureza.

d) visto com o desprezo do branco preconceituoso, que o considera inferior.

e) representado como um primitivo feroz e de maus instintos.



36- (Fuvest) “O primeiro cearense, ainda no berço, emigrava da terra da pátria. Havia aí uma predestinação de uma raça?” Eis aí uma reflexão sob a forma de pergunta que o autor, ......, faz a si mesmo com toda propriedade, e por motivos que podemos interpretar como pessoais, ao finalizar o romance ........ . Assinale a alternativa que completa os espaços.

a) José Lins do Rego - Menino do Engenho.

b) José de Alencar - Iracema.

c) Graciliano Ramos - São Bernardo.

d) Aluísio Azevedo - O Mulato.

e) Graciliano Ramos - Vidas Secas.



37- (Mack-SP) Sobre Iracema, é incorreto afirmar que

a) o relacionamento entre Martim e Iracema seria uma alegoria das relações entre metrópole e colônia.

b) Iracema é descrita de uma forma idealizante, comparada com elementos da natureza, característica própria do Romantismo.

c) o personagem Martim é lendário; nunca existiu, tratando-se, portanto, de uma figura fictícia.

d) Moacir, que em tupi quer dizer “filho da dor”, é levado por Martim para a Europa.

e) o romance é narrado em terceira pessoa, com narrador onisciente.



38- (UFMG) Todas as passagens de Iracema, de José de Alencar, estão corretamente explicadas, exceto:

A filha de Araquém escondeu no coração a sua ventura.

a) Ficou tímida e quieta como a ave que pressente a borrasca no horizonte.

= Iracema entrega-se a Martim.

b) Iracema preparou as tintas. O chefe, embebendo as ramas da pluma, traçou pelo corpo os riscos vermelhos e pretos, que ornavam a grande nação pitiguara.

= O chefe pinta Martim, preparando-o para o combate com os tabajaras.

c) Iracema, sentindo que se lhe rompia o seio, buscou a margem do rio, onde crescia o coqueiro.

= Iracema prepara-se para dar à luz a Moacir.

d) O guerreiro branco é hóspede de Araquém. A paz o trouxe aos campos de Ipu, a paz o guarda.

Quem ofende o estrangeiro ofende o Pajé.

= Iracema protege Martim da fúria de Irapuã.

e) Rumor suspeito quebra a doce harmonia da sesta. Ergue a virgem os olhos, que o sol não deslumbra, sua vista perturba-se.

= Martim aparece pela primeira vez a Iracema, que saía do banho.



- (UFPR)

O poema

Um poema como um gole d’água bebido no escuro

Como um pobre animal palpitando ferido.

Como pequenina moeda de prata perdida para sempre na

floresta noturna.

Um poema sem outra angústia que a sua misteriosa condição

de poema.

Triste.

Solitário.

Único.

Ferido de mortal beleza.



39. A respeito do poema acima, considerado à luz da leitura da Nova Antologia Poética, de Mário Quintana, é correto afirmar que:

a) quanto ao tema, esse poema é absolutamente singular na coletânea. Nenhum outro tematiza o próprio poema ou mesmo a construção poética.

b) a estrutura do poema repousa numa construção em dois movimentos distintos. Primeiro movimento: três versos longos, apoiados na comparação, fechando-se num quarto verso que se utiliza da repetição para reforçar a temática. Segundo movimento: três versos extremamente breves, para concluir com um verso que atinge sua dimensão significativa quando associado ao último do primeiro movimento.

c) o último verso do poema ganha nova força expressiva, se considerarmos que em outros poemas da coletânea a idéia de morte está associada à de libertação. Dessa perspectiva, a carga semântica do adjetivo mortal desvia-se da noção de fim para a de plenitude.

c) para expressar a condição de singularidade de cada poema, o poeta recorre a uma estrutura formal regular — versos de redondilha maior —, ao mesmo tempo que se vale de uma adjetivação rebuscada, usando comparações só acessíveis a iniciados no fazer poético.

d) a alteração do artigo definido do título para indefinido no corpo do poema não é casual. Ele atesta a condição de ser único de cada poema.



40. A leitura da antologia 80 Anos de Poesia, de Mário Quintana, permite afirmar que:

a) o poeta não vê limites rígidos entre poesia e prosa.

b) cultiva grande diversidade de formas poéticas, com preferência, no entanto, pelos poemas curtos.

c) o poeta passa por fases de profundo misticismo, por isso fala em anjos e em Deus, tomando seus poemas conotação de proselitismo religioso.

d) prefere, para expressar-se, empregar linguagem mais coloquial.

e) é um grande admirador do progresso, que defende, aliás característica afim aos ideais modernistas.

f) o poeta, em nenhum momento, empresta a seus poemas conotações sensuais ou maliciosas.

g) temas recorrentes como o anjo merecem visão bem particular

do poeta, este mostrado mais como rebelde do que como o tradicional bonzinho.



41. Assinale apenas as afirmações verdadeiras sobre Mário Quintana e sua produção poética presente em 80 Anos de Poesia.

a) Essa antologia reúne poemas de nove livros do autor, tendo sido organizada por ele.

b) O livro conhecido como Caderno H reúne produções em prosa publicadas pelo poeta em jornal de Porto Alegre.

c) O poeta assume postura anticonvencional diante da vida, donde seu humor fino, sem ser debochado.

d) Mário Quintana freqüentemente incursiona pelo social, esquecendo-se de si e dos seus sentimentos, para pôr sua verve poética a serviço da defesa dos oprimidos ou menos favorecidos da sorte.

e) Apesar de possíveis referências ao social, predomina no poeta o lado individual, o lirismo confessional.

f) A morte surge nos poemas como um tema recorrente, não vista como castigo, algo de ruim e, sim, como fim irreversível da vida na Terra, o que não significa o término da existência do ser.

g) Entusiasta por novidades, Quintana nutriu especial admiração pelo vanguardismo, em especial pela poesia concretista.



42 Leia o poema e assinale apenas as afirmações verdadeiras sobre ele.



Data e dedicatória

Teus poemas, não os dates nunca... Um poema

Não pertence ao Tempo... Em seu país estranho,

Se existe hora, é sempre a hora extrema

Quando o Anjo Azrael nos estende ao sedento

Lábio o cálice inextinguível...

Um poema é sempre, Poeta:

O que tu fazes hoje é o mesmo poema

Que fizeste em menino,

É o mesmo que,

Depois que tu te fores,

Alguém lerá baixinho e comovidamente,

A vivê-lo de novo...

A esse alguém,

Que talvez nem tenha ainda nascido,

Dedica, pois, teus poemas.

Não os dates, porém:

As almas não entendem disso...



a) O poema reúne vários temas de Quintana, tais como, a metapoesia, o anjo, certo misticismo ou crença na eternidade.

c) No verso Um Poema É Sempre, o verbo ser adquire o sentido que lhe é mais primitivo, sinônimo de existir, ter vida.

d) Segundo se deduz do texto, a poesia, a concepção e a criação poética evoluem com a maturidade.

e) Os poemas são eternos, e o poeta, mero veículo de sua concretização.

f) Um tema comum em Mário Quintana é a relação menino— homem: o homem já existe no menino e o menino persiste no homem, que possui o seu lado menino.

g) O uso de iniciais maiúsculas empresta ar de respeito e misticismo aos substantivos comuns a que foram aplicados.

h) Nesse poema, o autor, como lhe é peculiar, empregou linguagem notadamente coloquial, permitindo-se alguns lapsos gramaticais, especialmente no uso de verbos e pronomes.