domingo, 19 de setembro de 2010

RECADO PARA QUEM QUER ENTENDER MELHOR COMO ANALISAR POESIA

Na poesia a linguagem é carregada de significados/de sentidos. “[...] apresenta imagens que precisam ser sentidas, e interpretadas. Não se pode ler um poema em sentido literal, apenas. Um texto poético tem muitas faces, muitas dimensões. Precisamos ir além do sentido denotativo, direto. O poema sugere muitos sentidos: a isso é dado o nome de plurissignificação ou polissemia.”

A poesia pode apresentar-se em composições muito variadas.

Adicionar legenda

Os antigos retóricos gregos dividiram-na em épica, lírica e dramática.
A poesia épica (poema narrativo) canta as façanhas de um herói ou de uma coletividade, tendo como estrutura às baladas ou cantos populares em que simbolizam as aspirações e conquistas de uma raça ou de um povo.
A lírica (poema breve e mais subjetivo), vem de lira, instrumento musical usado para acompanhar os cantos gregos. Isso ocorreu até o final da Idade Média, quando as poesias eram cantadas. Dizemos que uma poesia é lírica quando o poeta nos passa uma emoção, um estado, centrando-se no seu interior uma forte carga subjetiva.
A dramática (própria das peças de teatro), que há muito tempo foram escritas em verso, as paixões humanas constituem sua fonte de inspiração e costumam ser expressas na forma de diálogos e monólogos.








"A poesia enfrentou diversas alterações formais no romper de muitos séculos, adequando-se, no entanto, a cada estilo e época dos poetas que a experimentaram. Ninguém chegou a ponto de romper a sua subjetividade. E por falar em subjetividade, toda linguagem carregada de significado é literatura."


Ao analisar poemas, deve-se atentar para os seguintes aspectos:



Estrutura externa


Estrutura interna


Linguagem poética



Estrutura externa:

Saber o contexto de produção do poema (autor, quando e em que situação foi escrito, público a que se dirige, vozes assumidas pelo autor/papel social);






Análisar métrica do poema, incluindo comentário sobre os aspectos métricos: tamanho dos versos, pausas, acentos, rimas e estrofes. (alguns poemas não apresentam uma métrica tradicional, mas verso livre e brancos);


Indicar o nome, classificação e origem do verso, (exemplo: o verso alexandrino é um verso de arte maior, composto por versos pentassílabos ou heptassílabos, de origem medieval);


Fazer alusão aos ritmos presentes no poema, a rima, aspecto formal importante e o tipo e o esquema rimático;


Comentar sobre as estrofes (formulação tradicional frequentes composições de formas fixas: sonetos, já no Modernismo, esquemas métricos sem esquema fixo, para a livre criação ao poeta).


Estrutura interna:

Analisar as partes em que se dividir o conteúdo do poema, adiantando, em parte, o significado do poema. Relaciona-se, por vezes, à estrutura externa. Muitas vezes são os recursos próprios da linguagem poética os facilitadores da divisão do poema como se segui.



Linguagem poética:



Dizer que o poema apresenta muitas metáforas, repetições, ou aliterações exige procurar o valor poético no poema do uso desses recursos. Deve-se sempre referir o valor expressivo das figuras de estilo e o valor expressivo que apresentam os materiais linguísticos ( palavras). Esses dois aspectos são importantes no entendimento do texto.




1. Fonologia.

O principal recurso fonológico que apresenta o texto já foi abordado na estrutura externa, pois todos os elementos métricos são fonológicos.


A aliteração, muito presente em muitos poemas pode apresentar valores expressivos importantes conforme os sons que se repetem.


 2. Morfologia

A Língua oferece múltiplas possibilidades expressivas, apresento algumas mais significativas:


a. O substantivo: os valores do substantivo radicam mais do seu significado do que do seu aspecto morfológico. Talvez que o único aspecto morfológico que interessa mais é a presença de morfemas apreciativos- diminutivos, aumentativos e depreciativos. Em todos eles são os valores afetivos que se sobrepõem aos verdadeiramente denotativos. O poeta não aumenta ou diminui magnitudes, apenas manifesta a sua subjetividade face às realidades que alude o substantivo.


b. O adjetivo: Deve ser tido em conta pois as suas possibilidades são muito variadas. Aumentam segundo a sua função e frequência: desde o adjetivo com função de atributo aos adjetivos epítetos à volta do nome. A sua colocação face ao nome também é muito variável: por exemplo, os adjetivos valorativos normalmente antepõem-se enquanto os objetivos se pospõem.


c. O verbo: Os valores modais, aspectais e temporais que o verbo oferece são muito usados por muitos poetas.


d. Determinantes e pronomes: normalmente unem-se ao verbo para mostrar as pessoas gramaticais.




3. Sintaxe

Os recursos sintáticos mais frequentes são: paralelismo, repetição, hipérbato, assíndeto e polissíndeto.


4. Semântica

A maior complexidade dos textos poéticos radica do predomínio dos valores conotativos frente aos denotativos. Podem remeter para determinados temas constantes em cada poeta.


5. As figuras literárias presentes no plano semântico são numerosas



a. Figuras de pensamento


Personificação/prosopopeia


antítese ( contraste de ideias)


Hipérbole


b. Tropos


Metáfora


Sinestesia


Comparação


Metonímia


Sinédoque


Concluindo: Comentar um texto é verificar o que o autor disse e como o transmitiu, relacionando ambos os conceitos; é observar as conotações e os sentidos implícitos, interligando-os com as ideias explícitas; é um momento em que o leitor estabelece afinidade com o texto que lê, expondo a sua sensibilidade estética, articulando aquilo que o autor disse, o modo como o fez, com a sua subjetividade de quem analisa e comenta.




3 comentários:

Unknown disse...

Obrigado pelas dicas professora.
Espero que pessoas como eu, que tem certa dificuldade em compreender poemas possa fazer bom proveito desse material.

Leonardo 3ºEMC

Unknown disse...

Professora, as dicas que a senhora da são muito boas; espero utilizalas em breve.


Jéssica Costa 3ºemC

Unknown disse...

MARAVILHOSA, obrigado pela a aula virtual (risos), pude ter mais entendimento na hora de fazer um poema.Obrigado! vamos ver se consigo fazer poemas maravilhosos para mostrar para a senhora nesse final de ano ainda.
SEM MAIS.
Guilherme Augusto Moreira Sbecker
3°EMC