segunda-feira, 10 de setembro de 2012

FALANDO DE ARTIGO DE OPINIÃO


FALANDO DE  ARTIGO DE OPINIÃO

 



  ARTIGO DE OPINIÃO 
É um gênero textual que pertence ao âmbito jornalístico e se caracteriza pela exposição de um ponto de vista sobre determinado assunto. Pode ser usada a 1ª pessoa (singular ou plural).
·         Título

·         Introdução

·         Desenvolvimento

·         Conclusão

·         Assinatura 




Mais detalhes sobre o Gênero:


ARTIGO DE OPINIÃO



O que é um artigo de opinião?
É um texto opinativo, de cunho argumentativo. Trata-se de um gênero em que a opinião de um autor sobre um assunto de relevância é defendida, através de recursos argumentativos: comparações, exemplificações, depoimentos, dados estatísticos, etc..



CARACTERÍSTICAS

1.     LIBERDADE ESTRUTURAL (de acordo com a proposta)
2.     O AUTOR DOMINA O ASSUNTO

3.     É ASSINADO

4.     A LINGUAGEM COSTUMA VARIAR CONFORME O PERFIL DOS LEITORES (formal)

5.     APRESENTA UMA CLARA INTENÇÃO PERSUASIVA



ESTRUTURA


O importante é não se contentar mais com um texto com “cara” de redação escolar. É preciso ousar. Ousar com responsabilidade, bom senso e respeito à estrutura básica de uma dissertação: a apresentação do tema abordado com um ponto de vista (INTRODUÇÃO), a argumentação (DESENVOLVIMENTO) e uma retomada da tese inicial ou sugestões são propostas (CONCLUSÃO). O modo como você fará isso será aprimorado a cada nova redação que produzir. Quanto mais experiente for o escritor, mais naturalmente será laborada cada uma das partes do seu artigo. Geralmente, dois impasses são os mais evidentes ao se escrever: começar e terminar uma redação. Neste momento, trataremos do primeiro caso.

COMO COMEÇAR UM ARTIGO DE OPINIÃO?

               
Deve-se ter preocupação fundamental com o tema oferecido, levando-se em conta que o parágrafo introdutório é o norteador de toda a estrutura dissertativa, aquele que carrega uma ideia nuclear a ser utilizada de maneira pertinente em todo o desenvolvimento do texto. Existem diversas maneiras de se elaborar a introdução de um artigo de opinião. Mas o que veremos a seguir, vale ressaltar, são alguns modelos sugestivos, e não regras. As mais comuns são:



1 .DECLARAÇÃO INICIAL  abre-se o parágrafo com uma afirmação. É a forma mais comum de se desenvolver a introdução.

           “Política e televisão são duas instâncias da sociedade brasileira que parecem reunir o maior número de pessoas despreparadas e desqualificadas. É como se escolhessem a dedo as piores pessoas (com raras exceções) para legislar ou executar, animar shows de auditório ou de entrevistas, etc.”.


2. DEFINIÇÃO  quando se tem por objetivo conceituar algo (um processo, uma ideia, uma situação):
        "Violência é toda ação marginal que atinge o indivíduo de maneira irreversível: uma bala perdida ou intencional, um assalto, um amigo ou conhecido que perde a vida inesperadamente através de ações inomináveis..."

3. APRESENTANDO DADOS ESTATÍSTICOS:
   “Nas grandes cidades brasileiras, não existe sequer um indivíduo que não tenha sido vítima de violência: 48% das pessoas já foram molestadas, 31% tiveram algum bem pessoal furtado, 15% já se defrontaram com um assaltante dentro de casa, 2% presenciaram assalto a ônibus...“.


4. INTERROGAÇÃO ou uma sequência de interrogações – é uma forma criativa de envolver e despertar a atenção do leitor. ATENÇÃO! Deve-se tomar cuidado com o número de interrogações: todas deverão ser respondidas por você nos parágrafos argumentativos pois, afinal, é você quem estará opinando e não deve esperar que o seu leitor responda por você, muito menos sua banca corretora.

“É verdade que, depois da porta arrombada, uma tranca é sempre nela colocada? Foi pensando assim que o governo nomeou a procuradora aposentada Anadyr de Mendonça Rodrigues para comandar a Corregedoria Geral da União, que tem status de ministério, porque visa à apuração de todas as irregularidades cometidas no país."

5.ALUSÃO HISTÓRICA organiza-se uma trajetória que vá do passado ao presente, do presente para o passado, ao comparar social, histórica, geograficamente fatos, ações humanas, ideologias, etc. 

"Na Idade Média, no Renascimento ou até mesmo durante o Século das Luzes, a mulher esteve sempre a disposição da família, dos trabalhos domésticos e da criação dos filhos; somente no século XX ela ganha, ainda que não suficientemente, coragem para inserir-se no “mundo dos homens": pilota, dirige grandes empresas, constrói edifícios."

6. Conclusão

n       Retome o que foi dito na introdução, porém, sem se repetir de forma tão evidente;
n       Evite termos que indiquem tratar-se da conclusão. O último parágrafo já é a conclusão;
n       Não utilize pronomes pessoais;
n       Seja conciso e seguro ao reafirmar sua posição.







Leia o seguinte artigo.


Dando a volta por cima

Famílias problemáticas infligem considerável dano, mas as pessoas resistentes sentem-se desafiadas e respondem a elas criativamente



Cibele Ruas


[...] Algumas pessoas são resistentes, aparam os golpes da vida; outras simplesmente desabam. Não adianta ser duro como o aço: o impacto pode ser pior. É necessária alguma          elasticidade, suficiente para absorver o golpe, mas é preciso recuperar o equilíbrio. Resiliência é o nome técnico para a capacidade de absorção do choque e recuperação da forma original.

Que golpes?  Famílias disfuncionais, divórcio, viuvez, perda de filhos, desemprego, problemas financeiros, violências sofridas, mudança de cidade, ou de país – há muita coisa que pode nos atingir e abalar. Não há como evitar os percalços da vida. Nossa força pessoal é intimamente relacionada com a autoconfiaça: quanto mais psicologicamente estáveis, mais resistentes seremos às tensões. [...]

A resiliência é como se fosse um músculo psíquico, que pode e deve ser exercitado. Mas é melhor encará-la como arte – a arte de bem viver: as pessoas fortes não se deixam limitar pelas adversidades; estabelecem metas que vão sempre um pouco mais além, na certeza de que os tempos ruins são passageiros. [...]

Há uma verdadeira indústria de vítimas, que tende a fazer que as pessoas se digladiem com traumas durante toda a vida: as fraquezas passam a ser nutridas a pão-de-ló. Na verdade, somos consideravelmente fortes, embora possamos não saber disto, e é esta força interior que devemos buscar.

O marco principal das pesquisas sobre a resiliência em condições de risco (pobreza. abusos físicos, alcoolismo na família, etc.) foi da psicóloga Emmy Werner, Ph.D., da Universidade de Kebraska. Ela constatou que um terço das crianças estudadas, que foram acompanhadas durante duas ou três décadas afetado por suas péssimas condições de vida. Nos outros dois terços, muitas tiveram problemas na adolescência, em geral envolvendo comportamentos antissociais (pequenos roubos, participação em gangues, distúrbios do comportamento, etc.). No entanto, aos 30 ou 40 anos, grande parte dessas pessoas se regenerou, determinada a não repetir a história de fracasso de seus pais.

Famílias problemáticas infligem considerável dano, mas as resistentes sentem-se desafiadas por esses problemas e respondem a eles ativa e criativamente – essa atitude se incorpora à sua personalidade, aumentando-lhes a força íntima. [...]

Pessoas que sobreviveram às situações de risco em geral não fizeram todo o trabalho sozinhas: um dos pontos cardeais da pesquisa mostra que, não tendo apoio familiar,  procuraram e receberam ajuda de professores, vizinhos, pais de amigos, parentes ou de profissionais, como orientadores escolares ou psicólogos.


Encontro, Belo Horizonte, fevereiro 2006. (Fragmento.)


Esse artigo, publicado na revista Encontro, registra as opiniões e os sentimentos pessoais da autora no relato de um fato bem real: a capacidade que certas pessoas têm de resistir às adversidades com firmeza e criatividade. Embora possa ser escrito em 3ª pessoa, geralmente apresenta-se em 1ª pessoa do singular ou do plural que revelam subjetividade, o caráter de pessoalidade próprio desse gênero.

No título "Dando a volta por cima" e no destaque "Famílias problemáticas infligem considerável dano, mas as pessoas resistentes sentem-se desafiadas e respondem a elas criativamente", antecipa-se o tema que será abordado no artigo: a possibilidade de absorver os golpes da vida e recuperar o equilíbrio de forma gradativa. Esse tema é apresentado no primeiro parágrafo do texto, que constitui a introdução do artigo.

No desenvolvimento, que representa a maior parte do texto, a autora vai expondo suas opiniões e os argumentos em defesa de suas ideias, procurando deixar claro para o leitor o seu ponto de vista.

Segundo a narradora, as pessoas em geral podem ser muito fortes, principal-mente se tiverem autoconfiança e lembrarem que os problemas logo passam. Ela refere-se também a uma pesquisa cujo resultado confirmou o fato de que pessoas cujas famílias são problemáticas muitas vezes reagem de forma positiva e superam as dificuldades.

Ao expor seus argumentos em defesa de um ponto de vista ou dar opiniões sobre um assunto e registrar sua assinatura, a autora criou um texto jornalístico que constitui um exemplo de artigo de opinião, também chamado artigo opinativo ou simplesmente artigo. É possível notar ainda certo envolvimento emocional na exposição do ponto de vista: "Não adianta ser duro como aço: o impacto pode ser pior", o que faz concluir que, na opinião dela, a questão enfocada exige um comportamento equilibrado das pessoas e é de grande relevância.

Na conclusão, no último parágrafo, a autora expõe sua opinião final: muitas pessoas necessitam de apoio para vencer os desafios que a vida lhes impõe.




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