A língua portuguesa perde um grande mestre com a morte de José Saramago. Para Maria Heloisa Martins Dias, especialista em literatura portuguesa e professora da Unesp (Universidade Estadual Paulista) de São José do Rio Preto, Portugal dificilmente terá outro escritor à altura.

"Saramago manifestou um intenso apego por seu país por meio da literatura. Ele tinha uma visão crítica, provocativa, desestabilizadora, chamando a consciência do leitor para problemas vividos pelo país", diz.
Sylvia Cyntrão, do Departamento de Teoria Literária e Literaturas da UnB (Universidade de Brasília), diz que a linguagem do escritor é transversal. 

"Ele trabalha com a cultura portuguesa, mas as histórias se abrem para que a gente possa pensar o ser humano. Quando você lê a história de alguns personagens, você trabalha questões psicológicas internas sem saber", declara a professora. 

Alcir Pécora, professor de teoria literária da Unicamp (Universidade de Campinas), ressalta que Saramago teve um grande domínio da língua, o que lhe permitiu extrapolar em suas narrativas.
"Todos os romances dele são a partir de uma ideia central que tem grande interesse, mas eu acho que nem sempre o desenvolvimento é interessante. A partir de um certo momento os sentidos dessa ideia inicial acabam por se esgotar em algumas relações mais ou menos fáceis", avalia Pécora. 

http://www1.folha.uol.com.br/multimidia/podcasts/753230-especialistas-comentam-literatura-de-jose-saramago-ouca.shtml