Só para sensibilizar:
"A narrativa possibilita a criação de outra realidade pela magia da linguagem"
O ato de escrever é prazer, diversão. É a sensação de poder, de domínio. Criar gente, fabricar fantasias, inventar cidades, dar vida e dar morte, criar um terremoto ou furacão, fazer o que eu quiser. Escrever é um jogo, brincadeira. Conseguir segurar, prender uma pessoa, mantê-la atrelada a si (é o leitor diante do livro: sua sensação divina). (Ignácio de Loyola Brandão, contista brasileiro do século XX e XXI).

A semana que findou foi mais curta por conta da Sexta-feira Santa, mas mesmo assim não deixamos de afinar o discurso: na segunda, início do uso de duas propostas do livro didático – capítulos 6 “Realidade e ficção nas narrativas” e 7 “Estrutura da narrativa”, ambos ênfase nos elementos construtores de narrativas (história de ficção: contos e romances, principalmente). Esse estudo complementar visa enriquecer a fala de sala de aula quanto a esses gêneros literários e as suas exigências linguístico-discursivas.
ATENÇÂO: tarefa próxima aula. Págs. 227 a 240 (aspectos teóricos e atividades), porém para o dia 05/04/2010, até 238. Após correção dessa primeira etapa, feitura para próxima semana do restante das atividades. Os últimos grupos estão apresentando a autobiografia, ainda o destaque é para o ter, o gosto, fugindo da proposta “Quem são vocês?”

Terminamos a leitura do conto machadiano, “Missa do galo”, pontuando, ao longo do conto, aspectos relacionados à temática, aos recursos discursivos e linguísticos/estilo, o dizer de Machado de Assis (TAREFA: resolver 10 questionamentos associados ao conto estudado para 07/04/2010. Atente que a 10ª questão é a produção de uma resenha na qual se recolha todas as observações feitas nas questões anteriores. As questões estão disponíveis com a professora para copiar, no xérox e ainda no blog). O passo seguinte é assistir ao vídeo “Machado de Assis, um mestre na periferia”(já postado no blog na semana anterior, mas também visto em sala de aula – objetivo: ater à biografia, às obras relevantes e ao estilo do escritor em destaque).
Veja agora a diferença entre formas de narrar, lendo os textos a seguir:
Texto 1
“Noite escura, sem céu nem estrelas. Uma noite de ardentia. Estava tremendo. O que seria desta vez? A resposta veio do fundo. Uma enorme baleia, com o corpo todo iluminado, passava exatamente sob o barco, quase tocando-lhe o fundo. Podia ser sua descomunal cauda, de envergadura talvez igual ao comprimento do meu barco, passando por baixo, de um lado, enquanto do outro, seguiam o corpo e a cabeça. Com o seu movimento verde fosforescente iluminando a noite, nem me tocou, e iluminada seguiu em frente. Com as mãos agarradas na borda, estava completamente paralisado por tão impressionante espetáculo— belo e assustador ao mesmo tempo. Acompanhava com os olhos e a respiração seu caminho sob a superfície. Manobrou e voltou-se de novo, e, mesmo maravilhado com o que via, não tive a menor dúvida: voei para dentro, fechei a porta e todos os respiros, e fiquei aguardando, deitado, com as mãos no teto, pronto para o golpe. Suavemente tocou o leme e passou a empurrar o barco, que ficou atravessado a sua frente. Eu procurava imaginar o que ela queria.
Texto 2
A lebre e a tartaruga
A lebre estava se vangloriando de sua rapidez, perante os outros animais:
“Nunca perco de ninguém. Desafio a todos aqui a tomarem parte numa corrida comigo.”
“Aceito o desafio!”, disse a tartaruga calmamente.
“Isto parece brincadeira. Poderia dançar à sua volta, por todo o caminho”, respondeu a lebre.
“Guarde sua presunção até ver quem ganha”, recomendou a tartaruga.
A um sinal dado pelos outros animais, as duas partiram. A lebre saiu a toda velocidade. Mais adiante, para demonstrar seu desprezo pela rival, deitou-se e tirou uma soneca. A tartaruga continuou avançando, com muita perseverança. Quando a lebre acordou, viu-a já pertinho do ponto final e não teve tempo de correr, para chegar primeiro.
Moral: Com perseverança, tudo se alcança.
Veja:
• o texto mostra, através de um relato de experiência vivida, cenas da memória do famoso navegador brasileiro - Amir Klink, autor de vários livros sobre suas viagens;
• o texto 2 conta uma história de animais - fábula - que ilustra um comportamento humano e cuja finalidade é dar um ensinamento a respeito de certas atitudes das pessoas.
Podemos afirmar que os dois textos têm em comum os seguintes aspectos:
• acontecimento, fato, situação (ou "o que aconteceu" e "como aconteceu")
• personagem (ou "com quem aconteceu")
• espaço, tempo (ou o "onde" e "quando aconteceu")
• narrador (ou "quem está contando")
Ambos os textos são narrativas, mas com uma diferença: o primeiro é uma narrativa não ficcional, porque traz uma história vivida e relatada por uma pessoa. O segundo é uma narrativa ficcional, em que um autor cria no mundo da imaginação, uma história narrada por um narrador e vivida por seus personagens.
Para a distinção entre narrativa ficcional e não ficcional ficar mais clara, é bom lembrar, por exemplo, que a notícia de jornal é também uma narrativa de não-ficção, pois relata fatos da realidade que mereçam ser divulgados.