quinta-feira, 19 de maio de 2011

RECADO PARA 3ºS ANOs - MAIO - SÓ DÁ VINÍCIUS DE MORAES





Soneto de fidelidade

De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama


Eu possa lhe dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure (
Estoril - Portugal, 10.1939)



Soneto de separação

De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma 1
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.

De repente da calma fez-se o vento

Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.


De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.


Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.

(Oceano Atlântico, a bordo do  Highland Patriot, a caminho da Ilaterra, 09.1938)

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Um comentário:

Arthur disse...

Professora, a prof de reforço de língua portuguesa está passando Sonetos, ja to dando uma estudada e lidas nos sonetos gostei :)

Paulo Henrique 8° LINUS PAULING